Casa | BRUNO VAN ENCK
criou para si: contraste mais baixo, pre-
tos ma i s f u ndos e ma i s opac id ade do que
as lentes enxergam. “Este é o primei-
ro momento na minha vida em que eu
consigo me expressar de forma artística.
Foto virou uma terapia: gosto de estu-
dar tutoriais de edição e aprender mais
sobre o tema.”
O jeito perfeccionista de editar
as fotos que faz é perceptível também
na decoração do quarto e do terraço/
cozinha, como ele mesmo chama: são
muitos objetos, como livros de arte,
um abajur de Phi lippe Starck, uma ré-
plica de um revólver dourado e algu-
mas (várias) caveiras – elas aparecem
em paetês na estampa das almofadas,
f loridas no quadro do artista plástico
2 – Ao olhar de perto o quadro
do cubano Raciel Ponce,
percebe-se que a imagem da
boca é feita de pílulas de ecstasy
brasileiro Julian Gallasch ou feitas
de outras minicaveiras acobreadas,
como no caso do crânio decorativo
que está em cima do bar.
Para acomodar obras coloridas
e que chamam tanta atenção, as pa-
redes são de cimento queimado e ou-
tros detalhes, como o tecido do sofá
e a colcha da cama, são neutros. “O
projeto é da Renata Patelli, arqui-
teta que virou amiga e, além deste
apartamento, fez todas as Corleone.
Renata já me entende e sabe do que
eu gosto”, explica Bruno. Ele reforça,
no entanto, que a curadoria é dele. E,
apesar da dificuldade, aponta duas
obras que disputam o primeiro lugar
entre as favoritas. A primeira, da ar-
tista francesa Gasediel, mostra um
gari grafitado e sem rosto. “Além da
estética urbana, que eu adoro, é uma
obra crítica. Faz parte de uma série de
rostos esquecidos e fala de pichação.
O fundo da tela é feito com o mesmo
cal que se usa para apagar esse tipo de
manifestação nas ruas”, conta Bruno.
A segunda obra que está no páreo é
menor e repousa sobre um aparador. A
estética também vem das ruas e mostra
um indiozinho azul em um f undo bran-
co, do grafiteiro Cranio. “Esta é muito
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