Paixão Pelo Vinho - PT - Edição 83 (2021-Trimestral)

(Maropa) #1
edição 83 • Paixão Pelo vinho • 57

e o ambiente, ficando esta dotada de todas
as condições para encarar o futuro mais
próximo de uma forma mais otimista. Con-
tudo, outros projetos seguiram-se até aos
dias de hoje, totalizando um investimento
global de cerca de 12 milhões de euros.
Fruto disso mesmo, a Adega do Cartaxo
dispõe hoje de todas as condições tecno-
lógicas para a produção de todo o tipo de
vinhos, nomeadamente para a produção de
vinhos de segmentos altos. Tal só foi pos-
sível, devido aos investimentos realizados
na renovação/atualização dos seus quadros
técnicos, bem como no enorme investi-
mento realizado pelos seus associados ao
nível das suas vinhas, com a reconversão de
muitas delas, e à introdução de novas castas
brancas e tintas.
Após a criação da Adega Cooperativa do
Cartaxo houve um período de entrada de
novos sócios e por conseguinte um aumen-
to da área de vinha e produção, que levaram
à necessidade de criar uma nova infraestru-
tura. Esta foi inaugurada em 1974 manten-
do-se até ao dia de hoje. Desde então, e até
ao período de 2008 a 2011, com os incen-
tivos ao arranque definitivo de vinha, houve
um decréscimo da área de vinha.
No entanto, após este período ocorreu a
entrada de alguns novos associados (situa-


ção que desde 1995 apenas ocorreu em
três ocasiões, estando atualmente vedado o
acesso), o que permitiu que integrem hoje
a associação um total de 198 produtores,
com uma área total de cerca de 850 hecta-
res e com tendência de aumento, nomea-
damente na zona do Bairro. De salientar
ainda que, hoje, a área média por sócio será
de cerca de 4,3 hectares, enquanto, numa
primeira fase era inferior a 0,5 hectares.
Para Pedro Gil, são inúmeras as vantagens
de ser sócio da Adega do Cartaxo. “Possibi-
lidade de ter uma valorização das suas uvas
de forma a tornar a atividade dos produ-
tores rentável, remunerações regulares ao
longo do ano, preços adequados à qualida-
de e tipo de castas entregues sem estarem
sujeitos à especulação e à conjuntura de
mercado”. Permite ainda pertencer a uma
estrutura que “escoa todos os seus vinhos
acondicionados em garrafa e bag-in-box
valorizando desta forma os seus vinhos e a
sua imagem”, relembra o enólogo.
Se a isto juntarmos o papel que a Adega do
Cartaxo tem na dinamização económica
e social da região, os benefícios são mais
que muitos. “A Adega Cooperativa tem tido,
desde sempre, um papel decisivo na dinâ-
mica económica e social da região. Em pri-
meiro lugar, por ser a única adega coope-

rativa da região, depois pelo facto de estar
inserida numa região em que o vinho é uma
das atividades principais a que muitas fa-
mílias estão ligadas, sendo que para muitas
delas esta é a sua principal atividade e fon-
te de rendimento económico”. Para além
disso, Pedro Gil recorda ainda que a Adega
tem tido um “papel decisivo na recuperação
da imagem dos vinhos da região que tem
como sede de concelho, o Cartaxo, a Ca-
pital do Vinho”.

terrOir dO CartaXO,
uma identidade ÚniCa
A Adega do Cartaxo possui uma gama de
vinhos muito diversificada, desde o nível de
entrada, que se posiciona no segmento de
mercado médio/baixo, até aos vinhos topo
de gama, como é o caso do Desalmado. E
embora os vinhos das diferentes gamas e
segmentos tenham posicionamentos dife-
rentes, todos eles têm algo em comum que
lhes dá identidade, fruto do terroir do Car-
taxo, que os caracteriza. Essas característi-
cas comuns têm a ver com o corpo (regra
geral, os vinhos da região caracterizam-se
por serem vinhos de médio corpo, ou cor-
po elevado), o equilíbrio na boca, a persis-
tência e, por fim, a frescura, consequência
da acidez fixa adequada, e onde o papel do

“A Adega Cooperativa tem tido, desde
sempre, um papel decisivo na dinâmica
económica e social da região. Em
primeiro lugar, por ser a única adega
cooperativa da região, depois pelo facto
de estar inserida numa região em que
o vinho é uma das atividades principais
a que muitas famílias estão ligadas,
sendo que para muitas delas esta é
a sua principal atividade e fonte de
rendimento económico”. Pedro Gil
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