edição 83 • Paixão Pelo vinho • 59
têm rega gota a gota, isto apesar da região
ter água disponível no subsolo. No entanto,
outros fatores “permitem-nos encarar as al-
terações climáticas com otimismo, nomea-
damente o facto dos nossos associados
estarem, em grande parte, muito profissio-
nalizados e sensíveis a tais alterações, tendo
condições para fazer um uso responsável e
sustentável da água bem como utilizarem
outros recursos de forma a fazerem viti-
cultura de precisão”. O facto de atualmente
cerca de 95% da vindima ser mecanizada
também permite colher as uvas rapidamen-
te no seu melhor estado de maturação.
Também por isso, os projetos futuros que
a Adega do Cartaxo pretende desenvolver
estão relacionados com o ambiente. No-
meadamente, com a reutilização das águas
residuais tratadas para rega de espaços
verdes, instalação de painéis fotovoltaicos
para produção de energia e ainda captu-
ra de CO2 provenientes das fermentações
em altura de vindima e posterior utilização
nos seus produtos gaseificados. “Quanto à
implementação destes projetos, os dois pri-
meiros deverão acontecer no próximo qua-
dro comunitário e o terceiro, por ser mais
complexo, numa fase posterior, provavel-
mente daqui a cinco anos”, indica Pedro Gil.
Para além disso, estão também em cima da
mesa os objetivos de aprimorar o controlo
e parâmetros da exigência de qualidade da
uva rececionada pela adega, assim como, o
de criar novos produtos para os segmentos
altos e premium.
Pandemia teVe um imPaCtO
neGatiVO
Seria impossível terminar esta entrevista sem
procurar saber qual o impacto que a pande-
Embora os vinhos das diferentes gamas
e segmentos tenham posicionamentos
diferentes, todos eles têm algo em
comum que lhes dá identidade, fruto do
terroir do Cartaxo, que os caracteriza.
mia teve na atividade e como procuraram
ultrapassar esta situação. Neste contexto, o
diretor geral, Fausto Silva, admite que “o im-
pacto foi, regra geral, negativo, sobretudo
pela incerteza e pela grande influência de
variáveis difíceis ou impossíveis de controlar.
Alguns mercados desceram, outros subiram,
outros ainda mantiveram as vendas estáveis.
Mas a dificuldade de desenvolver estratégias
de médio prazo foi e é ainda imensa, para
não dizer tarefa impossível. E tornou mais di-
fícil a comercialização e o marketing orien-
tados para os produtos de gama média/alta
e alta. O lançamento de vinhos de segmento
alto tornou-se uma aventura, um enorme
desafio, com maior risco. Por isso, enten-
demos que o caminho é enfrentar os riscos
com novas soluções, novos argumentos,
novas abordagens e novas alternativas para
os clientes e consumidores”.