Paixão Pelo Vinho - PT - Edição 83 (2021-Trimestral)

(Maropa) #1

62 • Paixão Pelo vinho • edição 83


WiNe & deSiGN

Há muito que os produtores procuram al-
ternativas de embalagem, nomeadamente
para os seus vinhos de maior consumo,
pois a tradicional garrafa traz consigo al-
gumas limitações: para além de ser pesada
e frágil, uma vez aberta deve ser rapida-
mente consumida para o vinho não oxidar.
O Bag-in-Box, bem conhecido de todos,
é uma opção que permite o consumo do
vinho ao longo de várias semanas sem al-
teração de aromas ou sabores. No entan-
to, em Portugal este formato nunca vin-
gou. Por um lado, foi desde logo conotado
com uma versão moderna do garrafão
e por outro, apenas os piores vinhos, na
maioria das vezes sem qualquer certifica-
ção, eram (são) reservados para o efeito.
Curiosamente, o Bag-in-Box é comum em
produtores do Novo Mundo e há mesmo
produtores portugueses a embalar vinhos
de qualidade neste formato, para outros
mercados. Já há cerca de 15 anos vi, na
Suécia, o vinho de um conhecido produtor
alentejano, cujo preço em Portugal ronda-
va os dez euros, ser vendido em Bag-in-
-Box de três litros. Sorte dos suecos!
Atualmente, as crescentes preocupações
ambientais, vêm colocar o problema da
pegada de carbono. Um estudo feito pelo
New york Times, mostra que, uma garrafa
de vinho de 750ml gera cerca de 3,36 kg
de emissões de dióxido de carbono, quan-
do transportado de uma vinha na Califór-
nia até uma loja de vinhos em Nova Iorque,
ao passo que um Bag-in-Box de três litros


Dois conhecidos produtores nacionais, Caminhos Cruzados, do Dão, e
CARMIM, do Alentejo, colocaram no mercado vinhos com uma embalagem
diferenciadora e eficiente. Um Bag-in-Tube de três litros, com a referência
Titular foi a opção dos Caminhos Cruzados. Já a CARMIM optou por produzir
uma nova referência, Vinhas de Monsaraz, em Pouch de litro e meio.

> texto João Pereira Santos > fotografia D.R.

embalagens

diferenciadoras e eficientes


Atualmente, as crescentes preocupações
ambientais, vêm colocar o problema da
pegada de carbono.

gera cerca de metade dessa quantidade.
Dá que pensar.
É neste contexto que surgem estes dois
novos produtos. Se as opções de emba-
lagem são muito diferentes, em ambos os
casos, a preocupação ambiental é deter-
minante. Lígia Santos, diretora-geral dos
Caminhos Cruzados refere que esta “é uma
forma mais ecológica de consumir”. Já a
CARMIM faz saber que o seu Pouch apre-
senta uma redução de peso face às tradi-
cionais garrafas, superior a 90 por cento.
No caso do Titular tinto, a opção recaiu
num tubo em cartão com uma pega em
cordão, para ser transportado. A primeira
impressão é de que se trata de uma em-
balagem com uma garrafa dentro, uma
roupagem clássica com um objetivo ino-
vador. O design é simples, mas elegante e
apelativo, em tons de branco e vermelho.
O logotipo da empresa, com verniz loca-
lizado e o nome do vinho, que mantém
o lettering original da garrafa, estão em
evidência. O produtor optou pela sua re-

ferência Titular Tinto Dão DOP, “um vinho
que já deu provas da sua qualidade, e que
está bem posicionado no mercado e na
mente dos enófilos”, afirma Lígia Santos,
como forma mostrar a aposta da empre-
sa na embalagem, ao que acrescenta: “É
uma versão mais leve e despreocupada de
consumir vinho. Sinto que, por vezes, as
pessoas deixam de consumir vinho porque
não querem abrir uma garrafa só para be-
ber um copo”.
A CARMIM optou por um pouch de um li-
tro e meio, tendo criado uma nova gama
de vinhos para o efeito: Vinhas de Monsa-
raz Alentejo DOC, também um vinho cer-
tificado, por isso de qualidade, em branco,
tinto e rosé. Os pouch apresentam um de-
sign jovem, apelativo e diferenciador, com
uma paleta cromática atraente em tons
fortes que torna impossível não reparar
neles. É uma embalagem fácil de transpor-
tar, através de uma pega superior, pequena
e flexível, pelo que facilmente se coloca no
frigorífico. Sobre este produto, João Cal-
deira, CEO da CARMIM, refere: “Estamos
atentos a momentos de consumo de vinho
que possam exigir embalagens e formatos
diferentes dos tradicionais. O pouch Vi-
nhas de Monsaraz dá resposta a um públi-
co e momentos de consumo específico”.
Esperemos que estes dois casos cons-
tituam apenas o início de uma nova ten-
dência que venha facilitar a vida do con-
sumidor, dos produtores e, porque não, no
nosso planeta tão maltratado.
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