Paixão Pelo Vinho - PT - Edição 83 (2021-Trimestral)

(Maropa) #1

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eNÓLoGoS de PortuGaL

A carreira do Engenheiro Pedro Baptista e
a história recente da Fundação Eugénio de
Almeida (FEA) estão intimamente ligadas.
Natural de Cabeço de Vide, o enólogo ini-
ciou a sua carreira na Adega Cartuxa, pro-
priedade da FEA, em 1996, depois da for-
mação em enologia e viticultura na École
Superieure d’Onenologie de Montpellier,
em França.
Pedro Baptista conta à Paixão Pelo Vinho
que esse não foi o seu “primeiro contac-
to com a Fundação em relação aos vinhos
e às vindimas porque dois anos antes, um
pouco também para testar realmente a
vontade de seguir esse caminho” fez um
estágio na Adega Cartuxa. “Tentei perce-
ber se é isto que gostava e a resposta e
tive-a logo praticamente desde o primei-
ro dia. Não tive a menor dúvida que era
esta a área que eu queria seguir, estudar e
especializar-me”. O enólogo salienta que
esta foi a segunda vez que sentiu o chama-
mento da enologia e viticultura. “O primei-
ro empurrão que me mostrou esta área foi
a disciplina de viticultura no Instituto Su-
perior de Agronomia (ISA), em Lisboa. Foi
essa cadeira que me despertou a atenção
porque nunca pensei na vida, quando fui
para Agronomia, seguir a área da viticultura
ou da enologia”.


um PrOfiSSiOnal reCOnheCidO
“Fiz o estágio e depois, passado um ano
sensivelmente, acabei por vir trabalhar
para a Fundação como técnico de viticul-


tura. Por isso os meus primeiros anos de-
dicados à FEA foram na área da viticultura,
o que me permitiu ter um conhecimento
bastante profundo daquilo que é patrimó-
nio vitícola da Fundação e que hoje conti-
nuo a acompanhar”, esclarece.
A carreira de Pedro Baptista foi evoluindo
e, em 2002, foi nomeado Diretor Agrícola
da instituição; dois anos volvidos chegou a
Diretor Vitivinícola da Fundação e Enólogo
da Adega Cartuxa, passando a “acumular a
responsabilidade não só da parte vitícola,
das vinhas, como da adega”. Com os pas-
sar dos anos continuou a ‘somar’ funções
na FEA: “Tenho algumas responsabilidades
acrescidas nomeadamente na coordena-
ção de toda a atividade agrícola da Fun-
dação, e também, desde 2015, com fun-
ções na administração corrente, enquanto
elemento do Conselho Executivo (CE) da
Fundação Eugénio de Almeida”. Mais re-
centemente, em plena pandemia (Abril
2020) foi nomeado Vice-Presidente do CE.
São quase 25 anos de um percurso que
acompanha a evolução da Fundação, no

que diz respeito ao negócio agrícola e dos
vinhos. Este caminho foi influenciado, se-
gundo Pedro Baptista, por algumas pes-
soas como o Professor Carlos Lopes, do
ISA, “que foi sem dúvida uma pessoa im-
portante no descobrir e na decisão de to-
mar este rumo (da viticultura); o Professor
Carlos Portas, também do ISA, que alertou
o agora responsável da Adega Cartuxa para
o facto da universidade francesa ter uma
“boa formação em enologia”; pelos profis-
sionais da área como o Engenheiro João
Torres, o Engenheiro Colaço do Rosário e
o Professor João Araújo da Universidade
de Évora. “Todos eles ajudaram-me muito
na minha formação e evolução”, revela o
enólogo.

afinal O Que É Ser enÓlOGO?
“Para mim, ser enólogo é efetivamente
percorrer o caminho da vinha cada ano: a
poda, o acompanhamento do crescimento
da uva, as maturações, decidir a vindima,
naturalmente que acompanhar as fermen-
tações, pensar nos lotes e como podem
ser no futuro, e prepará-los. Este conjunto
de tarefas não são, para mim, separáveis.
Eu não me consigo ver enquanto enólo-
go se me tirarem das vinhas”, afirma Pedro
Baptista. A visão mais tradicional de que o
enólogo é alguém que “está na adega e faz
o vinho foi qualquer coisa onde nunca me
senti bem”, refere. E explica porquê: “Só
consigo olhar para a produção no seu todo.
É acompanhar o vinho e a sua criação, des-

O segredo do Pêra-Manca “é ter grandes
uvas”, mas é “fundamental muito
acompanhamento, muito trabalho e
muita atenção para não estragar o que a
natureza dá”.
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