74 • Paixão Pelo vinho • edição 83
OS PratOS tradiCiOnaiS
da COnSOada
O bacalhau foi-se afirmando ao longo do
século XX como o rei do Natal em Por-
tugal. O bacalhau cozido com couves é
o prato que mais se generalizou, embora
o bacalhau no forno, assado com migas,
espiritual ou com broa, também sejam
propostas muito apreciadas pelas famílias
de entre as mil e uma formas de o confe-
cionar. Ainda assim, ainda há zonas do país
em que isso não se verifica, e onde os pra-
tos regionais mais antigos ainda têm uma
maior aceitação.
No centro e no norte de Portugal o baca-
lhau cozido domina, ainda que o polvo seja
a companhia de muitas famílias. No almo-
ço do Dia de Natal serve-se roupa velha
ou farrapo velho feito com as sobras, além
disso, também é costume comer-se cabri-
to, cordeiro e peru assados. À sobremesa
comem-se as rabanadas de leite, de vinho
ou de mel, que podem ser regadas com
calda de açúcar. Também são tradicionais
os sonhos, as filhós, as rabanadas, o arroz
doce, o pão de ló, farófias, os bolinhos de
abóbora-menina e de chila e os mexidos,
Como mensagem final, Miguel Laffan
disse para tentarmos neste Natal perder
algum tempo com os filhos e com
os netos a cozinhar, “pois acho que é
provavelmente um dos atos com mais
amor que se pode dar a outra pessoa- cozinhar para ela. São memórias de
partilha que ficam para a vida”.
teMa de CaPa / ViNHoS MÁGiCoSuma mistura de açúcar, pão e frutos secos
fervida em água. Ao longo do século XX o
Bolo Rei foi ganhando o seu espaço, sendo
substituído nalguns casos pelo Bolo Inglês,
também com frutos secos.
No Alentejo é mais comum comer-se ba-
calhau assado no forno, galo, assado ou
tostado, peru recheado assado e borrego
assado. No que toca aos doces, os alen-
tejanos comem as conhecidas filhós, leite
creme e coscorões. Além disso, as azevias
de grão, o nogado, as encharcadas e os
bolos e doces conventuais de amêndoa e
gila são também opções nesta quadra.Ceia de natal de miGuel laffan
Nestes dias temos de esquecer as dietas,
pois temos direito ao prazer e a dar prazer
através dos aromas e dos paladares. Para
nos inspirarmos para uma Ceia de Natal
moderna, mas assente nas raízes regionais,
fomos ter com o Chef Miguel Laffan ao
Torre de Palma Wine Hotel, situado no Alto
Alentejo, perto de Monforte, onde des-
de há alguns meses assumiu a direção do
Restaurante Palma - Miguel Laffan.
Miguel Laffan está radiante por este re-
gresso ao Alentejo, pois após a “ressaca da
pandemia”, o “primeiro projeto que eu tive
foi logo no Alentejo”, um lugar que “tem
sido sempre muito generoso comigo. Foi
no início da Primavera, e nessa altura o
Alentejo é um dos sítios mais bonitos que
eu conheço”. O restaurante mudou de
nome e iniciou um novo caminho onde se
pretende fazer uma “cozinha alentejana,
mas obviamente, uma cozinha alentejana
cuidada. Não direi sofisticada, talvez no
palato aqui ou ali”. Essencialmente uma
“cozinha atual, limpa, alentejana, de parti-
lha, para famílias”.
O Chef Miguel Laffan, em colaboração