edição 83 • Paixão Pelo vinho • 75com o Chef de Cozinha residente João
Pinto, sugeriram alguns pratos para a Ceia
de Natal que procuram transformar e des-
mistificar um pouco os costumes e tradi-
ções do Alentejo.
Nesta região, e nomeadamente no Alto
Alentejo, é costume as famílias na noite da
consoada terem a mesa repleta de muitos
produtos tradicionais, tais como salgados,
enchidos e queijos, mas também mariscos.
Desta forma os pratos de entrada apresen-
tados são os rissóis de carabineiro, a seleção
de cogumelos que contém enchidos tradi-
cionais, e a empada de pato que surge como
ótima alternativa ao muito utilizado peru.
Neste aspeto Miguel Laffan é muito sin-
cero e direto: “deixem de matar os perus,
é um bicho que não vale a pena, é chato,
é seco. Deixá-los viver em paz e liberda-
de. Parem de nos castigar no dia de Natal
com o peru”. Nesse dia prefere “polvo e
bacalhau”. Nas carnes opta pelo “borre-
go e cabrito, carnes doces, com perfume.
Vão bem sempre com especiarias. Têm um
cheiro tostado quando são cozinhados
num forno a lenha que é incrível”.
Como não há Natal sem bacalhau, sugeri-
ram um lombo de bacalhau assado no car-
vão com umas migas de piso de coentros e
amêijoas, que transmite um sabor intenso
que une o litoral com o interior. Como prato
de carne, optaram pelo borrego merino, que
é dominante na região, cozinhando a baixa
temperatura durante algumas horas, combi-
nado com o assado de batata e chalotas.
Em relação à sobremesa, a opção passou
por um doce conventual, o pudim Abade
Priscos e por uma sobremesa de home-
nagem à Madeira que leva produtos dessa
mesma região e que se encaixam perfei-
tamente numa mesa de sobremesas rica e
que pretende dar prazer e alegria.
Gonçalo Pires, o escanção do Restauran-
te Palma, aconselhou alguns vinhos para
cada um dos pratos que apresentamos nas
páginas seguintes. O vinho escolhido deve
acompanhar o aroma, o sabor e a textu-
ra dos vários ingredientes que compõem
o prato, para que os dois possam brilhar,
sem que nenhum se sobreponha. Para
a Ceia de Natal, aconselha que se abra,
“bons vinhos”, mas acima de tudo “aquilo
que gostamos”. Neste tipo de encontros
familiares aparecem pessoas com gostos
e percursos diversos, pelo que deverá ha-
ver uma gama muito variada de bebidas e
vinhos ao dispor dos convivas para que to-
dos se sintam incluídos e bem acolhidos.
Sugere que se deve desmistificar a ideia
de colocar o vinho à lareira. Muitas vezes
o vinho tinto necessita de ser colocado no
frigorífico meia hora antes de o consumir,
mesmo em dezembro”.
Como mensagem final, Miguel Laffan disse
para tentarmos neste Natal perder algum
tempo com os filhos e com os netos a co-
zinhar, “pois acho que é provavelmente um
dos atos com mais amor que se pode dar a
outra pessoa - cozinhar para ela. São me-
mórias de partilha que ficam para a vida”.tOrre de Palma Wine hOtel
um regresso ao passado com os olhos
no futuro
No Outono apetece relaxar e passear
pelo Alentejo com os cheiros da terra
molhada e as cores mágicas do cam-
po e do horizonte. O Torre de Palma
Wine Hotel, situado no concelho de
Monforte, é um local especial onde po-
derá usufruir de todos os prazeres que
o Alentejo proporciona. É um hotel de
cinco estrelas dedicado ao Alentejo e ao
mundo rural, onde as construções e a
decoração do passado se fundem com a
modernidade, com simplicidade e sofis-
ticação. Para além de todos os serviços
que um Hotel desta categoria oferece,
poderá relaxar no SPA, passear a cavalo
no campo ou no picadeiro, colher fruta
e vegetais na horta biológica e no po-
mar, apanhar a uva e a azeitona na vinha
e no olival, e participar nos trabalhos na
adega, pisando as uvas nos magníficos
lagares de mármore rosa de Estremoz.
Poderá ainda fazer uma série de provas
de vinho e visitar a magnífica sala de
barricas, onde somos conduzidos para
uma autêntica catedral do vinho. Outro
ponto a não perder é o Restaurante Pal-
ma, onde o chef Miguel Laffan apresen-
ta uma cozinha alentejana cuidada.
O vinho tem, aqui, fundamental im-
portância. A vinha foi instalada dentro
do muro da propriedade, que tem uma
grande diversidade de solos, permitindo
ao enólogo Duarte de Deus identificar
diferentes microparcelas que dão ori-
gem a vinhos com carácter distinto e de
grande qualidade, que recomendamos.