A boa notícia é que nos últimos anos o Brasil vi
veu um momento mais favorável ao saneamento,
especialmente após a Lei 11445 de 2007, o lançamen
to do PAC Saneamento, a criação do Ministério das
Cidades e consequentemente a Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental. O país voltou a ter inves
timentos regulares, de 2007 a 2014, e entre os 100
maiores municípios, o Brasil tem umas 20 cidades
que ostentam indicadores invejáveis de saneamento
e que não ficam a dever aos países do primeiro mun
do. Essas cidades, em contraste com a maioria dos
municípios brasileiros, inclusive capitais, estão mais
próximas da universalização dos serviços.
Os recursos do PAC Saneamento ajudaram no
avanço, mas infelizmente não conseguiram gerar
todo o potencial de progresso que se esperava.
Levantamentos do Instituto Trata Brasil feitos de
2009 a dezembro de 2014, envolvendo 330 obras
de água e esgotos em cidades acima de 500 mil
habitantes, mostram que mais de 40% das obras
não cumprem o cronograma por estarem atrasa
das, paralisadas ou não iniciadas.
O cenário do saneamento básico mostra que
independentemente do país contar com recursos
públicos ou parcerias públicoprivadas, é essencial
que exista vontade política e planejamento para
resolver o problema. Como as crises geram opor
tunidades, talvez esse momento de escassez hídri
ca, que traz sofrimento à sociedade, desperte o de
safio de usar melhor a água disponível e resolver
definitivamente o problema dos esgotos. O fato da
Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 tratar
do saneamento básico mostra que os esforços da
sociedade começam a se congregar em busca de
soluções mais realistas; cabe agora às autoridades
entrarem na mesma sintonia. l
Até quando deixarem os milhões
de brasileiros sem águ a e saneamento?
n Acervo Instituto Trata Brasil
ÉDISON CARLOS é presidente
do Instituto Trata Brasil
POR ÉDISON CARLOS