Mundo em Foco Extra - Água (2019-07)

(Antfer) #1

Existem diversas aplicações
para a água de reúso, com desta­
que, por exemplo, para a irrigação
paisagística. Parques, jardins de
universidades, gramados residen­
ciais e telhados verdes podem con­
tar com o sistema para serem tra­
tados. A alternativa também pode
ser aproveitada no cultivo de grãos,
plantas alimentícias e viveiros de
plantas ornamentais. Na indústria,
para refrigeração e alimentação de
caldeiras. Outras soluções abran­
gem, inclusive, o combate ao fogo,
a descarga de vasos sanitários, sis­
temas de ar condicionado, além da
lavagem de veículos e ruas, aqui­
cultura, construções, controle de
poeira e suprimento de animais.


As águas residuais podem ter
várias origens. As domésticas são
provenientes de banhos, lavagem do
piso e da utilização da cozinha. As
industriais resultam dos mais varia­
dos processos de produção, enquan­
to as urbanas estão relacionadas às
chuvas e lavagem de pavimentos,
entre outros. Há, ainda, o líquido
procedente da infiltração em coleto­
res existentes nos terrenos.


É importante ressaltar que, por
transportar uma quantidade con­
siderável de poluentes, o líquido de
reúso pode prejudicar a qualidade
das águas e comprometer o ecos­
sistema dos cursos d’água. Sob
responsabilidade do poder públi­
co, parte do esgoto produzido nos
municípios brasileiros é utilizado
novamente por meio do tratamen­
to em Estações de Tratamento de
Efluentes. Após esse procedimen­
to, a água (ainda não potável) já
pode ser destinada os rios e lagos e
volta a integrar o ciclo hidrológico,
que será responsável, aos poucos,
por purificá­la.


No ambiente doméstico, al­
gumas atitudes podem fazer com


Instalações de uma estação
de tratamento de água

que o líquido de reúso seja parte
da rotina. A água dos chuveiros e
a usada para lavar louças pode ser
transferida para acionar descarga
nos vasos sanitários, após uma hi­
gienização simples, com cloro, fei­
ta por decantação e desinfecção.
Recomenda­se a construção de um
reservatório para armazenamento,
a caixa de areia, para decantação,
um clorador e uma bomba que le­
varia a água do reservatório para o
local de uso.

A técnica do reúso é apontada
por especialistas em recursos hídri­
cos como uma solução barata para
suprir demandas em locais cuja
disponibilidade de água é reduzida.
Segundo um relatório entregue à
Companhia de Saneamento Básico
do estado de São Paulo (Sabesp) em
2014, existe a viabilidade na elabo­
ração de um sistema para reutilizar
aproximadamente 10 metros cúbi­
cos de água por segundo, o suficien­
te para garantir, em 10 anos, o abas­
tecimento de mais de 3 milhões de
habitantes. Com o projeto, 2 mil

litros de esgoto seriam transfor­
mados em água potável por segun­
do. No Nordeste, o líquido residual
garante alimento para rebanhos, a
partir de um projeto­piloto no qual
a palma (planta de origem cactá­
cea) é empregada na irrigação.

Em grande parte das vezes, o
tratamento é biológico, a partir de
um processo físico para a remoção
de sólidos. Assim, a água entra na
estação e passa por um canal onde
grades são montadas em paralelo.
Elas retêm os sólidos maiores, que
são enviados para o aterro sani­
tário. Logo depois, o líquido segue
para a “desarenação”, a remoção
de sólidos de dimensão menor. Em
seguida, a água residual sofre um
tratamento biológico. Não se reco­
menda a ingestão do líquido reutili­
zado nem a aplicação em nenhuma
cultura para fim comestível.

Construções da região Sudeste
do Brasil também buscam captar a
água para que possa ser utilizada
novamente. Muitas edificações

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