Mundo em Foco Extra - Água (2019-07)

(Antfer) #1

O planejamento na gestão dos
recursos hídricos também leva em
conta a prevenção aos desastres
naturais, que podem comprome­
ter os ecossistemas, além de gerar
enormes prejuízos aos cofres pú­
blicos. Assim, o Ministério da Ciên­
cia, Tecnologia e Inovação gerencia
as ameaças à população brasileira
por meio do Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desas­
tres Naturais (Cemaden). O órgão é
responsável por desenvolver e im­
plantar um sistema de previsão de
ocorrência de acidentes em áreas
vulneráveis de todo o Brasil.


O Cemaden monitora quase
mil cidades em todas as regiões
do país. Os municípios atendidos
têm histórico dos registros de de­
sastres naturais decorrentes de
deslizamentos de encosta, proces­
sos erosivos, inundações, enxur­
radas ou alagamentos. As locali­
dades devem ter as áreas de risco
identificadas e mapeadas. Um dos
trechos monitorados situa­se no
distrito de Bento Rodrigues, na
cidade mineira de Mariana, pal­
co do que é considerado o maior
desastre envolvendo barragens de
rejeitos da história mundial nos
últimos 100 anos, ocorrido em 5
de novembro de 2015.


Na ocasião, a barragem de Fun­
dão (administrada pela Mineradora
Samarco) se rompeu, deixou pelo
menos 17 mortos, destruiu o dis­
trito de Bento Rodrigues e afetou
Águas Claras, Ponte do Gama, Para­
catu e Pedras, além das cidades de
Barra Longa e Rio Doce. Os números
da tragédia são impressionantes e
indicam que o desastre ambiental
não tem precedentes no Brasil.


Trata-se de uma estrutura de
terra construída para armazenar
resíduos de mineração, que
são definidos como a fração
improdutiva originada do
beneficiamento de minérios,
em processos que dividem o
mineral bruto em concentrado e
rejeito (considerado um material
sem valor econômico – porém,
para a preservação do meio
ambiente, deve ser armazenado
adequadamente).

As características dos rejeitos
variam de acordo com o tipo
de mineral e do tratamento na
construção. Eles podem ser
finos, compostos de argilas,
depositados sob forma de lama
ou formados por materiais
não plásticos, que apresentam
granulometria mais grossa e são
denominados rejeitos granulares.

Nas estruturas de uma obra do
tipo, é fundamental definir a

localização do empreendimento,
que deve seguir as normas
ambientais e as avaliações
econômicas, geotécnicas,
estruturais, sociais e de risco.

Os rejeitos são transportados
em forma de polpa, algumas
vezes por gravidade, por meio
de canais ou tubulações, com ou
sem sistemas de bombeamento.
O procedimento depende das
elevações relativas entre o
local do beneficiamento e onde
o material será descartado.

O sistema de tubulação é
dimensionado com base na
velocidade mínima de fluxo para
evitar que as partículas no estado
sólido se sedimentem e obstruam
a tubulação. Essa velocidade
depende tanto da densidade
da polpa quanto do tamanho
de cada partícula, variando
aproximadamente entre 1,5 e
3 metros por segundo.

BARRAGEM DE REJEITOS


O QUE É UMA


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