Não que a agricultura orgânica não use pesticida nenhum. Ela usa alguns,
como enxofre e inseticidas à base de plantas. A diferença é que eles devem ter
origem natural e não causar problemas à saúde ou ao meio ambiente.
Hoje, quem indica as substâncias que podem entrar nessa lavoura é a
Federação Internacional da Agricultura Orgânica (Ifoam), com sede em Bonn, na
Alemanha. Mas as regras que ela define não são universais: cada lugar se regula
como quiser.
Nem só da horta vivem os orgânicos. Essa filosofia também se aplica à
criação de animais. As regras são alimentar os bichos só com comida orgânica e
nunca usar nada artificial, como hormônios de crescimento e antibióticos (que só
entram quando a vida do animal está em risco). “Na produção convencional,
com vários animais vivendo juntos, defecando e urinando no mesmo lugar, a
chance de disseminação de doenças entre eles é grande. Principalmente daquelas
que atacam o intestino, chamadas de enterites”, explica o veterinário Luiz Carlos
Demattê Filho, diretor industrial da Korin. Quando há uma inflamação no
intestino, os nutrientes dos alimentos não são bem absorvidos e, por isso, o
crescimento e a engorda dos bichos são prejudicados. Os antibióticos misturados
à ração na pecuária convencional controlam esse quadro crônico, mas se tornam
menos eficientes com o passar do tempo, porque as bactérias criam resistência.
Então, as doses são aumentadas para que o produtor não corra o risco de ver sua
cria morrer.
Outra peculiaridade dos orgânicos é que os produtores de carne, leite e ovos
devem propiciar uma vida bacana para os bichos. É o que acontece com os
peixes – quase todos salmões e trutas criados em fazendas de piscicultura. Os
salmões convencionais vivem sob uma densidade equivalente a 25 quilos de
peixe por metro cúbico. Já os orgânicos têm o dobro do espaço. Com as galinhas
é a mesma coisa. Enquanto as das granjas passam a vida confinadas num espaço
não muito maior que o desta página, as orgânicas ficam ao ar livre durante o dia,
ciscando atrás de insetos e minhocas. O resultado, segundo uma pesquisa feita
pela Universidade Metropolitana de Londres, é uma carne com 25% menos
gordura.
A própria Korin produz frango orgânico. As galinhas são criadas soltas e com
direito a oito horas de sono. Os ninhos ficam dentro de um galpão, e cada ave
escolhe onde vai botar os ovos.
Essa estrutura não sai de graça. O quilo do frango orgânico acaba custando,
em média, R$ 15, bem acima dos R$ 8 do comum. E aí a gente entra na questão