Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1
moscada.
TORTA DE FRANGO CONGELADA
Massa: farinha de trigo, água, açúcar, sal. Recheio: requeijão com
gordura vegetal, frango desfiado, farinha de milho, óleo de soja,
extrato de tomate, sal.

GORDURA


Carne é tecido animal, em geral muscular. As fibras que a compõem são feixes
de células musculares, enroladas umas nas outras. Em volta delas, há uma
cobertura de gordura, cuja função é lubrificar o músculo e permitir que ele relaxe
e se contraia suavemente. Ou seja, não há carne sem gordura. Ela é fundamental
para o corpo: dissolve vitaminas para o organismo conseguir aproveitar, garante
o bom funcionamento do intestino e do fígado. É o óleo lubrificante do nosso
motor interno. O problema é o excesso. A gordura cria tolerância nos receptores
dos neurônios que processam o hormônio responsável pela sensação de
saciedade, a leptina. Em português claro: ela faz com que sejam necessárias
doses de comida cada vez maiores para convencer sua cabeça de que a barriga já
está cheia.
Pesquisadores do Scripps Research Institute alimentaram um grupo de ratos
com ração comum e outro com doces, comida congelada, salsicha e bacon –
todos ricos em gordura. Depois de 40 dias, os que receberam ração continuavam
magros, como se esperava, e os outros ficaram gordos. A novidade é que algo de
diferente tinha acontecido no cérebro dos ratos que se esbaldaram com as
guloseimas. Eles desenvolveram resistência à dopamina e, portanto, não sentiam
mais prazer com a comida como no começo do experimento. Então, passaram a
devorar compulsivamente doses cada vez maiores daquelas maravilhas que
dominam a nossa dieta, na tentativa de experimentarem a mesma satisfação que
tinham antes. Aí vem a parte mais impressionante. Os pesquisadores começaram
a dar choques nos ratos que se aproximavam das comidas hipercalóricas, para
que eles parassem de comê-las. Não adiantou. Àquela altura, nada mais
importava na vida dos bichinhos, nem mesmo a dor. Eles passaram a viver em
busca da próxima dose de dopamina. É o que acontece também com usuários de
crack.
A gordura é tão viciante quanto os doces. O neurocientista Edmund Rolls, da
Universidade Oxford, na Inglaterra, comprovou isso em uma experiência. Os
participantes ficaram três horas sem comer e, um a um, passaram por uma

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