NA VIRADA DO SÉCULO 19 PARA O 20, ALGUNS religiosos americanos
começaram a pregar fortemente que certas doenças eram um castigo contra a
luxúria instalada na sociedade. Para se livrarem dos males do corpo, eles
precisavam renunciar aos excessos da carne e voltar às origens, comendo
vegetais e banindo a gordura animal e os alimentos processados. Foi nessa época
que um médico vegetariano chamado John Harvey Kellogg passou a dirigir uma
casa de saúde que promovia a comida natural.
Depois de um incêndio destruir boa parte da clínica, John angariou fundos
para uma bela reforma. O lugar ganhou um solário, um jardim envidraçado e
cômodos luxuosos, equipados com aparelhos médicos de última geração. John
também treinou uma equipe de centenas de funcionários para cuidar dos
pacientes.
Para sustentar toda aquela infraestrutura, os serviços eram cobrados – e muito
bem cobrados, o que acabou criando uma aura de exclusividade e refinamento.
Políticos, famosos e outras personalidades foram atraídos como insetos para a
luz. Eles pagavam caro para fazer o que os plebeus da Europa faziam: comer
vegetais frescos, pão integral e farelo de aveia, beber chá, praticar exercícios ao
ar livre, ter oito horas de sono por noite, não fumar, acordar cedo e tomar sol.
Tudo isso com acompanhamento profissional e mimos complementares, como
banhos quentes e massagens. Longe dos bacons, ovos e costelas, os hóspedes
emagreciam que era uma beleza.
John inventou não só o primeiro spa do mundo como estabeleceu o conceito
de que a alimentação está diretamente ligada ao bem-estar das pessoas. Sem
querer, querendo, ele criou uma nova necessidade na população (a de maneirar