Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

é superlucrativo, muito fácil de produzir em quantidades imensas, praticamente
não estraga e ainda pode ser transportado a longuíssimas distâncias. A indústria
de junk food floresceu e sua grana financiou as pesquisas dos cientistas, que,
animadíssimos, queriam mais.
Sabe por que esses pós refinados não estragam? Porque praticamente não têm
nutrientes. As bactérias e insetos não se interessam pelo que não tem nutriente.
Os três têm efeito parecido na gente. Eles nos jogam no céu com uma
descarga de energia e, minutos depois, nos deixam despencar. Aí a gente quer
mais. Como eles foram separados das partes mais duras das plantas – as fibras –,
nosso corpo os absorve como um ralo, de uma vez só. Seu efeito eletrificante
manda sinais para o organismo inteiro, o metabolismo acelera. Aí o efeito vai
embora de repente. E o corpo é pego no contrapé.
Cocaína, farinha e açúcar eram “O Bem” no final do século 19. Eram
conquistas da engenhosidade humana. Eram a prova viva de que a ciência ainda
iria conquistar tudo, de que o homem é maior do que a natureza, de que o
progresso é inevitável e lindo. Cocaína era “o elixir da vida”. Nas palavras
publicadas numa revista do século 19, “um substituto para a comida, para que as
pessoas possam eventualmente passar um mês sem comer.” Farinha e açúcar
davam margem a fantasias de ficção científica, como a pílula que dispensaria o
humano do ato animal e inferior de comer.


O equívoco da cocaína ficou demonstrado mais cedo, já nas primeiras décadas
do século 20. De medicamento patenteado pela Bayer, virou “droga” proibida,
enquanto exterminava viciados. A proibição amplificou seus males,
transformando-a de algo que afeta alguns em algo que machuca o planeta inteiro,
movendo a indústria do tráfico, que abastece quase todo o crime organizado e o
terrorismo do globo.
Levaria muito tempo até que os outros dois comparsas fossem desmascarados.
Até os anos 90, farinha e açúcar ainda eram “O Bem”, enquanto “O Mal” era a
gordura, o colesterol. Os médicos recomendavam substituir gorduras por
carboidratos, e o mundo ocidental se entupiu de farinha e açúcar. Começou ali
uma epidemia de diabetes tipo 2, causada pelas pancadas repentinas que farinhas
e açúcar dão no nosso organismo. Começou também uma epidemia de
obesidade. Sem falar que açúcar e farinha estão envolvidos no complô para
expulsar frutas, folhas e legumes dos nossos pratos, o que está matando muita
gente por câncer e doenças cardíacas. Como câncer e males do coração são as
maiores causas de morte do mundo urbanizado, chega-se à constatação dolorosa:

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