Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

substância no rebanho nacional até que se prove ser segura, além de exigir a
especificação nas embalagens de carne, leite e derivados de animais tratados
com ela. O pedido foi negado. Segundo o parecer, que saiu só no fim de 2012,
não há provas de que faça mal para a saúde. “Realmente, não existe consenso
científico. Por isso é que temos de fazer valer o princípio da precaução: se há
dúvidas, o uso deve ser restringido”, me contou o procurador da República
Bruno Araújo Soares Valente, autor da ação. Ele entrou com recurso e espera
outro parecer. “Infelizmente, não há um prazo para a resposta. Até lá, o governo
segue fiscalizando da melhor forma possível, considerando que no Brasil
existem poucos agentes para muitos estabelecimentos.”
A vida dos frangos também é difícil. Mas é mito essa história de que eles
recebem hormônios. O que acontece é que eles ficam confinados em gaiolas
minúsculas comendo doses cavalares de milho e soja misturados e são
submetidos a quase 24 horas de luz artificial por dia. Tudo isso para crescerem e
engordarem rápido e, no caso das galinhas, para aumentar a produção de ovos.
Assim como acontece com a gente, boa parte dos animais tem um mecanismo
regulador de sono desencadeado pela melatonina, um hormônio produzido pela
glândula pineal. Quando anoitece, o cérebro manda uma mensagem para liberar
a produção de melatonina – é ela que traz a sonolência. Quando a luz (do dia ou
artificial) incide sobre a retina e o nervo óptico, os neurônios levam até a
glândula a informação de que é preciso bloquear o processo. Manter o corpo em
estado contínuo de alerta provoca o aumento da descarga de cortisol e de
adrenalina, hormônios relacionados ao estresse. Essas substâncias não vão passar
para quem come o frango – mas não deixa de ser indigesto saber disso.


Os porcos são vítimas de crueldades parecidas. As fêmeas passam os quatro
meses de gestação deitadas em celas individuais de metal de 60 centímetros de
largura por 2 metros de comprimento. Sem espaço para se mexer, elas ficam com
os ossos enfraquecidos e têm mais infecções urinárias. Abaixo delas, uma
piscina de xixi e cocô libera amônia em níveis tóxicos, causando doenças
respiratórias.
Já os bois, que nasceram para transformar a celulose do capim em proteína
para seus músculos, quando criados em confinamento são alimentados com soja
e milho, muito mais calóricos do que a grama. Tudo em nome do rápido
crescimento e da engorda. São necessários 10 quilos de grãos para produzir 1
quilo de carne. Como os bois não vieram ao mundo preparados para dar conta
dessa ração, podem ter problemas com ela. Afinal, eles são ruminantes, o que

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