Históriahoje
As novidades da arqueologia e dos estudos históricos
TEXTO FABIO MARTON FOTOS GETTY IMAGES, SHUTTERSTOCK E BRITTNEY TATCHELL, SMITHSONIAN INSTITUTION/DIVULGAÇÃO | ILUSTRAÇÕES BRUNO ALGARVE
O ancestral
dos indígenas
americanos
terá seu
funeral digno
ACHADO ARQUEOLÓGICO SERÁ ENTERRADO RITUALMENTE POR ÍNDIOS AMERICANOS
DE VOLTA PARA A FAMÍLIA
D
esenterrado das margens do
Rio Colúmbia em 1996, o
chamado Homem de Ken-
newick é uma das descobertas mais
importantes e bem preservadas do
passado distante da América. O
esqueleto tem 9 mil anos, e suas ca-
racterísticas físicas mostram uma
semelhança notável com os asiáti-
cos orientais que colonizaram o
continente através da Sibéria.
Por todo esse tempo, o corpo
moveu uma imensa controvérsia.
Índios de diversas tribos senti-
ram que um ancestral direto deles
estava sendo violado ao se tornar
um artefato científico exibido em
museus. Eles pediram a repatriação
- o que está previsto na lei dos Es-
tados Unidos – para ser reenterrado
de maneira adequada. O cabo de
guerra entre índios e cientistas se
estendeu por esse tempo todo base-
ado em afirmações de que o corpo
era antigo demais para ser ancestral
dos índios, e não se parecia morfo-
logicamente com eles.
A questão acabou resolvida
pela própria ciência: testes de
DNA no ano passado provaram
conclusivamente que o Homem
de Kennewick é mais aparentado
dos índios modernos que de
qualquer outro grupo humano.
As cinco tribos que moveram o
processo devem receber os res-
tos, mas ainda não decidiram
como vão dividir entre si a res-
ponsabilidade pelo funeral.
O Homem de
Kennewick é
parente próximo
do índio moderno
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