(2017) Aventuras na História 164 - Fidel Castro (Ed. especial)

(AP) #1
por belas prostitutas e coristas dos
melhores cabarés habaneros – Tropi-
cana, Montmartre e Sans Souci. No
dia 25, não faltou um banquete de
Natal. Para animar as cinco noites do
encontro, foi contratado o segundo
cantor mais popular da América, de-
pois de Bing Crosby: Frank Sinatra.

PÉROLA DAS ANTILHAS
Entre as décadas de 1930 e 1950, Cuba
tinha se tornado um paraíso de im-
punidade para organizações crimi-
nosas. “Cada túnel e rodovia cons-
truído em Havana nos anos 1950 vi-
nha do dinheiro da máfia”, escreveu
o jornalista americano T. J. English,
autor do livro Noturno de Havana (ed.
Seoman). A ilha era sinônimo de cha-
rutos, cassinos, rum, mulheres e mú-
sica. Mas essa casca de faceirice es-
condia um país miserável, marcado
por segregação racial e desigualdade
social. Por trás dessa situação, dois
fatores determinantes: a subserviên-
cia total aos interesses dos Estados
Unidos e a inf luência perversa de um
militar que virou o homem forte de
Cuba: Fulgêncio Batista.
Os interesses americanos na “Pé-
rola das Antilhas” – assim chamada
pelos conquistadores espanhóis –
datavam do século 19. Na Guerra dos
Dez Anos (1868-1878), quando a aris-
tocracia criolla (espanhóis nascidos
na ilha) tentou a independência da
Espanha, a interferência dos Esta-
dos Unidos foi discreta. Em 1895, de
novo, os criollos insurgiram-se con-
tra a Coroa – dessa vez, liderados
pelo poeta, advogado e ativista polí-
tico José Martí. Era uma luta ganha
para os cubanos. O imperialismo
espanhol estava tão combalido àque-
la altura que poderia tranquilamen-
te ser derrotado sem a ajuda de nin-
guém. Mas não foi assim. Em 1898,

os Estados Unidos declararam guer-
ra à Espanha e engrossaram a briga.
Exigiram a independência de Cuba.
E conseguiram. No dia 1º de janeiro
de 1899, os americanos assumiram
a administração da ilha, que ficou
sob controle militar.
A tutela acabou em 1902, mas seus
efeitos revelaram-se duradouros. Nas
décadas seguintes, a sociedade cuba-
na acabaria dividida: de um lado, os
funcionários de empresas america-
nas estabelecidas na ilha, como Ge-
neral Motors e United Fruit Com-
pany, burocratas dos Estados Unidos
e a nata da sociedade branca local; de
outro, o “populacho”: brancos menos
favorecidos, negros e mulatos. O bal-
neário de Banes, na província de Hol-

FOTOS LIBRARY OF CONGRESS E REPRODUÇÃO

guín, sede da United Fruit, era um
exemplo da segregação. Ali havia uma
demarcação rígida entre a “cidade
americana” e a “cidade cubana”. “A
Banes ‘americana’ era uma comuni-
dade fechada de chalés e bangalôs,
com jardins e ruas meticulosamente
limpas, como se um subúrbio dos Es-
tados Unidos tivesse sido transplan-
tado”, escreve o historiador america-
no Louis A. Pérez em Cuba Between
Reform and Revolution (Cuba entre a
Reforma e a Revolução, sem tradução
para o português). A outra Banes era
repleta de casebres sem pintura, ruas
esburacadas de chão batido e falta de
saneamento básico. Em 1948, Fidel
Castro, então recém-casado com Mir-
ta Díaz-Balart, filha de um advogado

Poster
turístico
de 1935

18 | AVENTURAS NA HISTÓRIA

PRIMÓRDIOS


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