BILHETE
SÓ DE IDA
AS DIFERENÇAS ENTRE
ESTADOS UNIDOS E CUBA
QUE TERMINARAM COM A
INVASÃO DA ILHA
JANEIRO DE 1959
Julgados como
criminosos, pelo
menos 400
ex-oficiais de
Fulgêncio Batista
são executados.
Uma nova palavra
entra na moda em
Cuba: paredón.
15 DE ABRIL
DE 1959
Fidel faz uma visita
oficial aos Estados
Unidos. Os
americanos
suspeitam de que ele
seja comunista, mas
o primeiro-ministro
cubano nega.
16 DE FEVEREIRO
DE 1959
O comandante do
exército rebelde,
Fidel Castro, assume
o cargo de primeiro-
ministro de Cuba e
anuncia profundas
transformações
sociais.
17 DE ABRIL
DE 1959
Sai a reforma agrária.
O governo desapropria
todas as fazendas
com mais de
420 hectares –
muitas delas
pertencentes a
empresas americanas.
A preocupação de Eisenhower era
justa. Afinal, os Estados Unidos ti-
nham muitos interesses econômicos
em jogo. Os maiores bancos ameri-
canos e grandes companhias – entre
elas, a gigante das frutas tropicais
United Fruit e as petrolíferas Texaco
e Exxon – estavam instalados em
território cubano. E o pior: nascido
logo ali, no quintal caribenho de Tio
Sam. Fidel Castro parecia ter cora-
gem de enfrentar a potência. Assim
que foi empossado, em fevereiro de
1959, o primeiro governo revolucio-
nário – com o moderado Manuel Ur-
rutia Lleó na presidência e Fidel no
cargo de primeiro-ministro – deu
início a reformas ousadas e extrema-
mente populares. Logo de cara, bai-
xou por decreto o valor dos aluguéis
(50%), a taxa de luz (30%) e o preço
dos livros escolares (25%).
Agricultor
carregando
cana-de-açúcar
em Cuba
FOTO CONSELHO DO GOVERNO CUBANO, LIBRARY OF CONGRESS E FORTEPAN/WIKIMEDIA COMMONS
Uma lei de confisco tomou para o
Estado os bens do ditador Fulgêncio
Batista e seus associados: 14 fábricas
de açúcar, a Companhia Cubana de
Aviação, a Interamericana de Trans-
portes, quase toda a indústria têxtil
da ilha e um hotel. Empresas suspei-
tas de favorecimento ilícito sofreram
intervenção. Imóveis supostamente
comprados com dinheiro provenien-
te de corrupção foram expropriados.
E a indústria do jogo simplesmente
desapareceu. Praias controladas por
clubes requintados à beira-mar, mui-
tas vezes proibidas aos negros, foram
abertas para toda a população.
A transformação mais radical do
primeiro ano de revolução, contudo,
veio com a reforma agrária, em maio
de 1959. “As terras de americanos,
quase 75% de toda a área cultivável,
e também as da família Castro, esta-
vam entre as primeiras nacionaliza-
das”, escreve a pesquisadora carioca
Claudia Furiati em Fidel Castro: Uma
Biografia Consentida. Todas as pro-
priedades com mais de 420 hectares
foram repartidas entre 200 mil famí-
lias camponesas.
O apoio popular à revolução era
total. E vivia-se um clima de euforia
e esperança jamais visto, nos quatro
cantos da ilha. Mas os ricos e a classe
média entraram em pânico. Entre os
anos de 1959 e 1961, cerca de 256 mil
cubanos deixaram o país, principal-
mente para os Estados Unidos. Qua-
se todos brancos e remediados.
Quem ficou e não aderiu ao regime
passou a ser visto como uma ameaça
à revolução. Integrantes do governo
de Batista foram julgados em tribu-
nais de fachada e condenados à mor-
te por fuzilamento. Estima-se que,
40 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
PODER
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