Pela primeira vez em sua história,
os Estados Unidos sofriam uma der-
rota definitiva em território latino-
americano. “Essa ação foi um dos
maiores erros já cometidos pela CIA.
Criou o mito em torno da figura de
Fidel e jogou o comandante nos bra-
ços da União Soviética”, afirma o
historiador americano Philip Bren-
ner, professor de relações internacio-
nais da American University, em
Washington. Em consequência do
vexame em Cuba, três diretores da
CIA, Allen Dulles, Charles Cabell e
Richard Bissel, renunciaram.
O amadorismo da ação tem mais
outro motivo. Por meses antes e dias
após o ataque, o embaixador norte-
americano na ONU, Adlai Stevenson,
repetiu veementemente que as movi-
mentações, detectadas meses antes,
eram ações de um grupo de “cubanos
patriotas”. Em outras palavras, os
EUA acreditavam que conseguiriam
convencer o mundo de que não ti-
nham nada a ver com a história. Isso
a despeito de o New York Times ter pu-
blicado em janeiro do mesmo ano que
a CIA estava treinando cubanos para
derrubar Castro. Do outro lado do
mundo, a Rádio Moscou havia anun-
ciado a invasão quatro dias antes.
“O problema para a CIA era criar
uma força invasora poderosa o sufi-
ciente para vencer... mas não tão for-
te a ponto de revelar o apoio ameri-
cano. A invasão, em essência, tinha
que ser cubanizada – feita para pa-
recer amadora”, afirma Michael
Prince, autor do livro Guerras Estú-
pidas – Um Guia sobre Golpes Fracas-
sados, Ações sem Sentido e Revoluções
Ridículas (ed. Record).
Diante disso, no mês seguinte,
Fidel declarou-se marxista-leninis-
ta. E que, a partir daquele momento,
Cuba era uma república socialis-
Kennedy e o
secretário de
defesa Robert
McNamara durante
a Crise dos Mísseis
Navio militar
soviético a
caminho de
Cuba, em duas
fotos aéreas
de setembro
de 1962
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