(2017) Aventuras na História 164 - Fidel Castro (Ed. especial)

(AP) #1
agentes deram asas à imaginação.
Um dos planos previa o envio de um
charuto-bomba para Fidel, que ex-
plodiria em sua cara. O artefato até
foi fabricado, mas nunca chegou
perto do comandante.
Além de fumar charutos, Fidel
Castro gostava de mergulhar e pra-
ticar caça submarina. E a CIA viu aí,
segundo Escalante, mais uma chan-
ce de emboscar o inimigo. Dois pla-
nos “subaquáticos” teriam sido ela-
borados pelos agentes. Um deles era
simples: contaminar uma roupa de
mergulhador com um fungo letal. O
outro, bem mais complicado: criar
um molusco falso, enchê-lo de explo-
sivos e colocá-lo à vista num recife de
coral. Durante o mergulho, o coman-
dante seria atraído por aquela cria-

YO NO CREO
EN BRUJAS...
EM CUBA, ACREDITA-SE QUE FIDEL TINHA
O CORPO “FECHADO” PELA SANTERÍA

Será que Fidel escapou de tantos planos
para matá-lo apenas por sorte ou por
incompetência da CIA? Há quem acredite
em outra explicação. O comandante, que
se autodenominava ateu, seria adepto da
santería – sincretismo de crenças católicas
com rituais africanos, parecido com a
umbanda no Brasil. E sua proximidade
com essa religião iria lhe garantir o que
se chama de “corpo fechado”. Para a
brasileira Claudia Furiati, biógrafa de Fidel
Castro, a ligação do líder cubano com a
santería podia não ser tão absurda quanto
parecia. “Ele conviveu com o sincretismo
religioso desde pequeno, na região da
fazenda de seu pai”, diz Claudia. Em Cuba,
dizem que Celia Sánchez – guerrilheira
e amante por mais de 20 anos –
apresentou Fidel às práticas da santería.
FOTO SHUTTERSTOCK

Praticante
de santería
em Havana:
semelhanças
com o Brasil

tura tão exótica. E viraria picadinho
quando chegasse a certa distância.
Documentos secretos liberados na
administração Clinton provaram que
os dois planos realmente foram tra-
çados pela CIA – mas que, como tan-
tos outros, não saíram do papel.

LOUCO NA TV
Até atentados de efeito moral passa-
ram pela cabeça dos agentes ameri-
canos. Uma das ideias era contami-
nar os sapatos de Fidel Castro com
tálio, um elemento químico altamen-
te radioativo. O efeito da radiação
faria cair os pêlos da barba, minan-
do a autoconfiança do líder cubano
e tornando-o mais vulnerável a ou-
tros ataques. A CIA cogitou também
espalhar um spray alucinógeno no

estúdio de TV onde Fidel faria um
pronunciamento à nação. Muito
“louco” com as propriedades da
substância, o comandante pagaria
um mico histórico diante de toda a
população, e ficaria desmoralizado
demais para seguir governando. De
novo, nada disso foi levado adiante.
Entre as tentativas de assassinato
que ocorreram de fato, um dos casos
mais famosos é o de uma antiga
amante de Fidel contratada pela CIA.
Num encontro íntimo, ela deveria dar
um jeito de fazê-lo engolir uma cáp-
sula de veneno. Mas as pílulas que a
mulher levava na bolsa derreteram,
escondidas num pote de creme para
o rosto. Passar o cosmético na barba
de Fidel, enquanto ele estivesse dor-
mindo, não parecia ser boa ideia. E o

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PODER


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