(2017) Aventuras na História 164 - Fidel Castro (Ed. especial)

(AP) #1
em Miami cápsulas contendo uma
bactéria assassina. Elas deveriam
ser dissolvidas no café ou no lenço
do comandante. Só que o plano, para
variar, não deu certo. No ano seguin-
te, a agência recrutou um ex-revolu-
cionário para dar cabo do líder. Ro-
lando Cubela havia lutado ao lado de
Fidel em Sierra Maestra e, àquela
altura, ocupava um cargo no gover-
no. Os agentes prometeram-lhe a
arma que ele quisesse. Cubela esco-
lheu um rif le com mira telescópica.
Jamais recebeu a encomenda.
No dia 22 novembro de 1963, antes
de o atentado ser consumado, o pre-
sidente Kennedy foi assassinado en-
quanto desfilava em carro aberto
pelas ruas de Dallas, no Texas. Quem
assumiu seu lugar na Casa Branca
foi o vice, Lyndon Johnson, que nada
sabia sobre os planos da CIA para
eliminar Fidel. “Poucas pessoas sa-
biam”, escreveu Tim Weiner. Quase
quatro anos mais tarde, em 1967, o
FBI – polícia federal americana – en-
tregou a Johnson um relatório que
confirmava: a CIA tinha pla-
nejado várias vezes a morte
de Fidel Castro e chegou a
contratar os serviços da má-
fia para alcançar seu objetivo.
O presidente teria comentado:
“John Kennedy queria pegar
Castro, mas Castro pegou
Kennedy primeiro”.

LIVRO
638 Ways to Kill Castro, Fabian
Escalante, Ocean Press, 2006 (em
inglês)
DVD
638 Ways to Kill Castro, Dollan
Cannel, BCI/Eclipse, 2006 (em inglês)

saiba mais

plano, que tinha tudo para dar certo,
acabou indo por água abaixo. A últi-
ma tentativa de matar Fidel Castro
de que se tem notícia ocorreu em
2000, durante uma visita do coman-
dante ao Panamá. Cerca de 90 quilos
de explosivos, prontinhos para ex-
plodir, foram encontrados pelos se-
guranças de Fidel sob o palanque
onde ele faria um discurso. Quatro
homens, entre eles o exilado cubano
e colaborador da CIA Luis Posada,
foram presos naquela ocasião.
Uma das explicações para tantos
planos de atentado é a longa perma-
nência de Fidel Castro no poder: 49
anos, de 1959 a 2008. As conspira-
ções começaram logo depois da re-
volução. Em março de 1960, o presi-
dente americano, Dwight Eisenhow-
er, já tinha aprovado um plano para
derrubá-lo, que atingiria seu objetivo
sem que os EUA precisassem invadir
a ilha. A estratégia seria financiar a
oposição a Fidel em território cubano
e treinar 60 exilados, que se infiltra-
riam em Cuba com armas fornecidas
pela agência. Se tudo desse certo, o
comandante cairia em seis meses.
Mas o plano não funcionou.
Assim que tomou posse na Casa
Branca, em 1961, John Kennedy de-
monstrou especial interesse pelos
planos da CIA para eliminar Fidel
Castro. Foi em março daquele ano
que Richard Bissell, diretor de ope-
rações encobertas da agência, apre-
sentou-lhe a ideia de invadir Cuba
por três praias localizadas na Baía
dos Porcos. No mês seguinte, uma
brigada composta de cerca de 1,4 mil
exilados cubanos desembarcou na
ilha. Novo fiasco, e dessa vez dos
grandes, com as tropas de Fidel es-
magando as forças invasoras e fa-
zendo mais de mil prisioneiros. Cada
vez que se esquivava de uma arma-

ção, o comandante aproximava-se
mais e mais da União Soviética. Em
plena Guerra Fria, os EUA assistiam
à construção de um regime comunis-
ta logo ali, no quintal da casa deles.
Em novembro de 1961, Kennedy
criou um comitê denominado Grupo
Especial Ampliado e entregou a che-
fia ao irmão, Robert. Na prática, sua
missão era uma só: eliminar Fidel.
“A CIA estava tão ocupada condu-
zindo aquelas ações que errou, ao
ver em Cuba uma ameaça crescente
à segurança dos EUA”, escreveu o
jornalista americano Tim Weiner
em Legado das Cinzas: Uma História
da CIA. O novo diretor da agência,
John McCone, tinha assumido o car-
go naquele mês e não sabia dos pla-
nos arquitetados pelo antecessor,
Allen Dulles, e seu subordinado
Richard Bissell. Disse ao presidente
que apenas uma guerra – “secreta
ou não” – derrubaria Fidel. E que a
CIA não estava pronta para essa
guerra. Kennedy ignorou o alerta e
permitiu que os planos para assas-
sinar o líder cubano seguis-
sem em frente.

MÁFIA NA JOGADA
Determinada a eliminar Fi-
del, a central de inteligência
acabaria se associando à má-
fia. Em abril de 1962, o gân-
gster John Rosselli recebeu

2000: a última tentativa


de matar fidel castro.


90 kg de explosivos


sob seu palanque.


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