(2017) Aventuras na História 164 - Fidel Castro (Ed. especial)

(AP) #1
sou-se a encontrá-lo, quem sabe retor-
nando o favor do presidente Dwight
Einswenhower, que não o recebeu em


  1. Afirmou então que “Cuba não
    precisa de presentes do império”.
    Em 20 de abril seguinte, ele faria
    seu último discurso, diante do con-
    gresso do Partido Comunista de
    Cuba. Anunciando que logo faria 90
    anos e que talvez fosse sua última vez
    naquela sala, ele fez sua despedida.
    Terminando em: “Prossigamos na
    marcha para diante e aperfeiçoemos
    o que devemos aperfeiçoar, com a
    máxima lealdade e força unida,
    numa marcha impossível de deter”.
    Definitivamente, não é esse um
    discurso de alguém que revê suas
    crenças, mas o de quem parece ter a
    convicção de estar na mesma luta do
    princípio da carreira. Ao anunciar
    sua morte, em 25 de novembro de
    2016, seu irmão Raúl terminou com
    um já hoje quase nostálgico “hasta la
    victoria, siempre!”.
    Vitória eles tiveram. A ex-
    tremamente improvável der-
    rota de um governo de 50 mil
    soldados por 12 guerrilhei-
    ros, por si só, faria valer a


pena termos feito esta revista sobre
Fidel. Ele entraria para a História
como um dos maiores generais de
todos os tempos.
Mas Fidel e seus amigos tiveram
quase 60 anos para administrar o
país. E, aí, nem tudo é vitória. Cuba
tem excelentes indicadores em alguns
pontos, como boa escolarização, aces-
so à saúde e baixa mortalidade infan-
til. Contudo é também ainda hoje uma
ditadura de partido único, onde as
pessoas são perseguidas por suas opi-
niões políticas e toda a imprensa é
controlada pelo governo. O paredón
pode ter ficado para trás, mas a Free-
dom House, a ONG americana que
busca medir a liberdade no mundo,
ainda classifica Cuba entre os “piores
dos piores”, o único caso na América.
Fica a pergunta que ele levantou
lá em 1953: a História o absolverá? Ou
continuará ele a dividir corações e
mentes na América, o bicho-papão
ditador comunista, para uns,
e o santo guerreiro contra o
dragão do imperialismo ame-
ricano, para outros? A verda-
de provavelmente fica em al-
gum lugar do meio.

SITES
http://www.granma.cu/granmad/secciones/
ref-fidel/
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saiba mais

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Fidel nos
anos de
aposentadoria

der, somando as funções de primeiro-
ministro de Cuba, entre 1959 e 1976,
e presidente até 2008. Em 2011, dei-
xaria também a função de primeiro-
secretário do Partido Comunista de
Cuba, que ocupava desde 1961.
Com a batuta firmemente nas
mãos do irmão Raúl, Fidel se torna-
ria uma figura simbólica, espécie de
espírito guardião da alma revolucio-
nária. E um tanto folclórica, também,
trocando o terno que havia substitu-
ído a farda por roupas esportivas,
com as quais visitava chefes de Es-
tado – remetendo à sua atlética ju-
ventude (como visto na página 6). (A
resposta para o mistério dos conjun-
tinhos “capitalistas”, aliás, é simples:
ele simplesmente se apossou de al-
guns uniformes da seleção olímpica
de Cuba, gentilmente cedidos por
marcas esportivas europeias.)
Em seus últimos anos, Fidel faria
viagens, aparições e declarações es-
porádicas. Em 2011, condenou a ação
da Otan contra Muammar Gaddaffi,
um velho aliado, na Líbia. Em 2012,
receberia o papa Bento XVI em sua
visita a Cuba. Durante a ida de Oba-
ma ao país, em março de 2016, recu-

AventurAs nA históriA | 53

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