® Cruzoé 193 [Riva] (2022-01-07)

(EriveltonMoraes) #1

A reação dos americanos à invasão do Capitólio traz algumas lições para o
Brasil, onde as instituições têm sido atacadas e deslegitimadas com base
em acusações falsas ou exageradas. O Brasil, nesse quesito, não escapa
da crise que assola democracias em todo o mundo. Para evitar que as
crises cheguem a um ponto de ruptura, é preciso, primeiro, que aqueles
que ocupam cargos importantes não se esqueçam de que devem, em


primeiro lugar, servir a sociedade. “Em seu primeiro ano de mandato,


Biden tem empreendido um esforço muito grande para mostrar aos


americanos que o governo representa o cidadão comum. Ele tem sido


muito transparente em suas ações, tem dado satisfação, prestado contas


e buscado políticas que buscam resolver os problemas práticos do


cidadão comum”, diz o cientista político José Álvaro Moisés, professor da


Universidade de São Paulo e autor de livros sobre a perda de confiança na


democracia. “No Brasil, quando deputados legislam em causa própria,


ampliando fundos para financiar campanhas eleitorais ou partidos, é claro


que a confiança na democracia diminui.”


Além de uma postura responsável por parte dos representantes e de suas
lideranças, é necessário também que o sistema funcione e seja capaz de
punir aqueles que o colocam em xeque. Não se trata de punir indivíduos
com opiniões contrárias, como ocorre nas ditaduras. A liberdade de
expressão deve sempre ser uma prioridade. A questão é o que fazer com
aqueles que usam da violência e de meios ilegais para desestabilizar o
sistema político. O julgamento dessas pessoas deve seguir rigidamente os
contornos das leis, para que não pareça uma caçada a opositores. Nos
Estados Unidos, os agentes federais e promotores têm sido cautelosos


para apresentar evidências e fazer acusações bem fundamentadas. “A


ação das instituições democráticas e judiciárias dos Estados Unidos nesse


episódio tem sido um paradigma de funcionamento institucional


extremamente importante, que deve ser levado em conta”, diz José Álvaro


Moisés.

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