® Cruzoé 193 [Riva] (2022-01-07)

(EriveltonMoraes) #1

A volta do crescimento econômico não pode ser efêmera. Precisa
ser duradoura e sustentável. Nada mais negativo do que a alternância
de curtos períodos de prosperidade com outros longos de recessão ou
de estagnação e que têm sido a tônica do Brasil há muito
tempo. Precisamos de um período longo de crescimento contínuo, o que
demandará estimular os investimentos e elevar a produtividade, com
responsabilidade fiscal e social.


Convenço-me, a cada dia mais, da correlação ótima entre o nível
de desenvolvimento e a qualidade das instituições. Sem um
quadro institucional robusto, o crescimento econômico não ocorrerá ou,
quando muito, será esporádico. Para garantir prosperidade, são
imprescindíveis a estabilidade e a previsibilidade próprias de países com
instituições sólidas. A diferença entre o Reino Unido e a Somália não
reside no tamanho do produto interno bruto ou nas decisões pontuais,
certas ou equivocadas, dos seus governantes de momento, mas, sim, na
qualidade das instituições de um e outro país. Seguindo nossa tradição
política ocidental, precisamos fortalecer as instituições próprias
das democracias liberais. Governo de leis, separação de poderes,
distinção entre o que é próprio da esfera pública e o que é privado,
democracia representativa, combate aos privilégios, incluindo ao
patrimonialismo e à corrupção, adoção de políticas inclusivas e de
erradicação da pobreza, proteção do livre mercado e incentivo à
competição, entre outras.


A falta de enfoque no fortalecimento das instituições tem sido o principal
erro do Brasil nas últimas décadas. Sim, decisões
econômicas equivocadas comprometeram o crescimento do Brasil, como
as que geraram a grande recessão de 2014-2016 ou a estagnação
econômica atual. Mas a principal causa do fracasso econômico brasileiro –
e esta é mais antiga – consiste na fragilidade de nossas instituições e na
sua subordinação ao arbítrio. Esse é um dos motivos pelos quais é certo
que um novo e eventual governo Bolsonaro ou um novo e eventual
governo Lula estariam fadados ao fracasso na gestão da
economia. Ambos estão irremediavelmente comprometidos com o

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