fora para a reeleição da petista naquele ano. O parlamentar também é
refratário à aliança com o ex-tucano Alckmin, mas nem por isso perdeu
espaço no núcleo duro lulista. O ex-presidente já garantiu a participação
de Falcão no grupo que coordenará sua campanha. Caberá a ele conter a
ira dos mais fanáticos contra o pragmatismo eleitoral e a grita a favor de
bandeiras antidemocráticas da esquerda xiita, que certamente serão
exploradas pelos adversários.
Até o ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado ao lado de Genoino e
Dirceu no mensalão, começou a dar pitacos nos grupos de WhatsApp da
militância petista, cavando espaço. A mulher de Delúbio, Mônica Valente,
ainda integra a Executiva Nacional do partido, na qual já comandou o
departamento de relações internacionais, e é a principal representante da
legenda no Foro de São Paulo, que reúne a esquerda latino-americana e
costuma defender gente como os narcoguerrilheiros colombianos das
Farc – recentemente, a agremiação se manifestou a favor da prisão de
políticos opositores por Ortega na Nicarágua. Por ora, nas questões
diplomáticas, Lula tem seguido mais os conselhos do ex-chanceler Celso
Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa. Integram ainda
a tropa os ex-ministros Fernando Haddad e Jacques Wagner, que só não
se dedicarão mais à campanha do chefe petista porque precisarão gastar
sola de sapato para tentar vencer as eleições ao governo paulista e
baiano, respectivamente.
Enquanto na base petista já tem gente sonhando em voltar a ocupar um
cargo em Brasília, o discurso das principais lideranças do partido é de
cautela, para conter o clima de “já ganhou” que começou a se espraiar
pela militância diante da vantagem que Lula tem sobre os demais
candidatos nas pesquisas. Os mais experientes lembram da campanha de
1994, quando ele tinha 40% das intenções de voto em maio, cinco meses
antes do pleito, e perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso no
primeiro turno. “Naquela eleição, teve um jornal que publicou uma lista
completa de quem seriam os ministros do Lula e deu no que deu”,
recorda um dirigente.