Exame Informática - Portugal - Edição 318 (2021-12)

(Maropa) #1
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/ PORTUGAL FAZ BEM

exemplo, à renovação de toda a maqui-
naria com vista à melhoria na eficiência
e diminuição no consumo de água, assi-
nou ainda em 2020 o primeiro contrato
com a Smartex e neste momento já tem
instalados seis equipamentos.
Cada solução é construída à medida
do cliente pelo que está longe de ser um
produto único. Prevê-se assim que os
próximos tempos sejam exigentes em
termos de recrutamento. “O prémio no
Web Summit é importante sobretudo
para atrair talento”, diz o fundador que
admite ter recusado a entrada de novos
investidores que surgiram na sequência
da distinção. “Para já, precisamos de
executar e bem”, sublinha.
Um exemplo de customização é uma
fábrica na Turquia em que a interação
com a plataforma é inteiramente à base
de ilustrações já que foi concebida para
ser operada por funcionários que não
sabem ler. “Isto não os impede de mani-
pular ferramentas que envolvem machi-
ne learning”, nota. “Não é um produto
fechado, recebemos muitos pedidos para
adicionar novas características, é um
trabalho que nunca acaba.”
Neste momento, a empresa está ins-
talada em São Francisco, Shenzen, na
China, e em Portugal, no parque empre-
sarial da Universidade do Porto (UPTEC)
e procura novos colaboradores, sobretu-
do engenheiros, esperando passar de 30
para 60 pessoas já no próximo ano. Esta
estratégia coincide ainda com a intenção
de se submeterem a uma nova ronda de
financiamento, série A, que terá como
objetivo angariar de 10 a 20 milhões de
euros. Admitindo que os dias de trabalho
têm sido longos e muito preenchidos,
Gilberto Loureiro confessa: “vemos o
impacto do que fazemos e isto motiva-
-nos imenso!” „


O que tem de inovador a metodologia de ensino que fundou?
Ajudamos as pessoas a aprender rapidamente, de uma melhor
maneira, o que lhes permite aplicar imediatamente o que apren-
deram. Os alunos típicos para os nossos cursos têm à volta de 40
anos, trabalham na área financeira, mas também na indústria
farmacêutica e da saúde, e estão a tentar avançar na carreira,
num momento de disrupção digital. Sabemos por exemplo que as
pessoas que seguiram o nosso programa de empreendedorismo,
financiado pelo Governo do Canadá, tinham uma probabilidade
50% maior de criar uma empresa.

Referiu uma média de idades à volta dos 40 anos. Portanto,
ainda é tempo de uma pessoa mudar totalmente de carreira...
Nós temos de mudar! Os ciclos temporais da disrupção tecnológica
são cada vez menores. A IA pode atirar para o desemprego entre
50 e 90 por cento das pessoas, nos próximos dez anos. Está em
paralelo com o que aconteceu na primeira revolução industrial
em que tivemos o motor a vapor, as linhas férreas, o telégrafo,
também tivemos a revolução francesa, a russa e a Primeira Guerra,
que causaram extinção em massa de empregos e alterações enor-
mes na sociedade. O que estou a tentar fazer é ajudar as pessoas a
lidar com esta mudança, preparando-as para enfrentar o futuro.

O que é mais difícil nesta mudança?
Muitas pessoas têm baixos níveis educacionais. Normalmente a
educação funciona de forma a favorecer os professores. As pessoas
aprendem a memorizar as coisas, sentadas numa grande sala de
aulas, num sistema ‘o sábio no palco’. O que nós defendemos
é um sistema mais tutorial, em que o professor trabalha com
um pequeno grupo de pessoas e vai fazendo e respondendo a
perguntas. O que fazemos na ESME é substituir o professor pelo
computador, pondo um sistema de IA a trabalhar com os alunos. „

APRENDER


COM IA


DAVID SHRIER
PROFESSOR E FUNDADOR DA EMPRESA
DE APRENDIZAGEM REMOTA, ESME,
VEIO À WEB SUMMIT FALAR DA FORMA COMO
A IA PODE AJUDAR A MUDAR DE CARREIRA

A Tintex foi a primeira empresa
a adotar o sistema de deteção
de defeitos, que inclui sensores,
câmaras, IA e uma interface

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