Exame Informática - Portugal - Edição 318 (2021-12)

(Maropa) #1
/ PORTUGAL FAZ BEM

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O MELHOR


HOSPITAL


PODE SER


A SUA CASA


A tecnologia já existe – e funciona! Agora é uma questão de
as instituições se adaptarem a esta medicina à distância que,
está demonstrado, traz benefícios para todos os envolvidos
Tex t o : Sara Sá Fotos: D.R.

N


o país basco há unidades de saú-
de que gerem mais camas em
casa do próprio doente do que
no edifício do hospital. É bom para o
doente, que se mantém no seu espaço,
é bom para os profissionais de saúde,
que trabalham com mais satisfação, e
é bom para o sistema de saúde, já que
estudos internacionais apontam para
uma redução de custos na hospitalização
domiciliária, face à hospitalar, na ordem
dos 15 a 20 por cento.

Em Portugal, a primeira pessoa a
ser internada na sua própria casa foi
um paciente de Almada que sofria de
pneumonia. A decisão foi tomada de
comum acordo entre o Hospital Garcia
de Orta e a família, sob orientação do
especialista em Medicina Interna, Pedro
Correia Azevedo, que até hoje tem a data
na ponta da língua: “16 de novembro
de 2015”, recorda. A partir desta pri-
meira experiência positiva, outros casos
vieram e neste momento, já contando

com o impulso da pandemia, existiam
em maio deste ano 34 unidades com
possibilidade de hospitalização domi-
ciliária no Serviço Nacional de Saúde, de
acordo com a Sociedade Portuguesa de
Medicina Interna. Ao nível do privado, o
Hospital da Luz e a Cuf também oferecem
esta possibilidade. Atualmente, Pedro
Correia Azevedo, é Diretor Clínico da
Unidade de Hospitalização Domiciliária
e dos Cuidados Domiciliários da CUF e
não tem dúvidas de que o internamento
domiciliário faz parte da “medicina do
presente e do futuro.” O médico recorda
que os primórdios desta ideia remontam
aos anos 40 do século passado, nos EUA,
quando não havia espaço para acomodar
os traumatizados de guerra dentro dos
hospitais. “A tendência é que o princi-
pal hospital não venha a ter uma única
cama”, diz o médico, estabelecendo um
paralelismo com as plataformas Uber e
Airbnb em que veículos e alojamentos
estão dispersos.
Além dos internamentos no recanto do
lar – tipicamente para casos de infeção
respiratória e urinária, com duração de
uma semana a dez dias –, há muitas ou-
tras estratégias para manter os doentes
longe do hospital, deixando as unidades
de saúde reservadas às situações mais
graves. Como é natural, e aconteceu em
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