Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1

Micro



  1. EXAME. DEZEMBRO 2021


está quem toma as decisões e assume as
responsabilidades, mas a parte horizon-
tal de gestão é importante. E nós ouvimos
as opiniões da nossa equipa e o potencial
de cada um”, afirma Gracinha. “É como a
história do Usain Bolt, que durante anos
teve um treinador que só se focava nas
suas fraquezas e em melhorá-las. No dia
em que trocou de treinador e esse se fo-
cou no seu potencial, tornou-se campeão
do mundo”, recorda. “Portanto, para nós,
o foco está no potencial dos colaborado-
res. Porque, se uma pessoa vem contente
trabalhar, nós conseguimos tirar dela o
maior potencial. É assim que gerimos a
nossa equipa, na certeza de que, se uma
pessoa está bem no dia a dia, contribui
mais.”
Para Leonor, esta abordagem é mais
do que óbvia. “Digo sempre que, na Casa
Ermelinda Freitas, além dos terrenos e
do património, é nos seus colaboradores
que está outro dos maiores ativos. A por-
ta do meu gabinete está sempre aberta, e
é com muita naturalidade que recebo a
minha diretora de Produção quando me
vem pedir ajuda para algum colaborador
que esteja ter um problema que eu possa
solucionar”, nota.
“Eu sofro porque já não sei o nome
de todos os funcionários”, atira, com um
sorriso. “Nós éramos, de facto, uma gran-
de família, e eu sentia muito isso porque
comecei muito pequena [a fazer da em-
presa a sua casa].” Mas essas são as neces-
sárias dores de crescimento, e o desafio
é manter os princípios de proximidade,
mesmo que com outras estratégias.
Acima de tudo, defendem ambas, é
preciso comunicar com muita verdade e
muita transparência com todos os níveis
da empresa. É isso que garante a confian-
ça das equipas e permite que estas “vis-
tam a camisola” sempre que os tempos o
exigem. Foi isso, admitem, que fez tam-
bém com que as mesmas se mantivessem
durante os últimos dois anos, em que a
incerteza se refletia, invariavelmente, no
estado de espírito dos trabalhadores.
Tanto para Leonor como para Graci-
nha, quando lhes perguntamos sobre as
principais dificuldades ou desafios que
sentem ao liderar uma empresa fami-
liar, a resposta é clara – e talvez pouco

óbvia para quem é gestor de formação:
“As pessoas.” E dizem-no várias vezes
ao longo da nossa conversa, como que
a realçar o seu compromisso.
“Obviamente que estamos a falar
de uma empresa”, repete Gracinha, su-
blinhando que ter uma forma de gestão
mais humana não significa, ao contrá-
rio do que às vezes se pensa, não cum-
prir todos os objetivos orçamentais ou
ter uma companhia perfeitamente sau-
dável em termos financeiros – no caso
da Viterbo, a faturação tem rondado os
€2 milhões, com tendência a crescer e
com resultados positivos até em tempo
de pandemia. “Mas estamos também a
falar de uma sensibilidade que potencia
o desempenho diário. A felicidade numa
empresa é importante! A boa energia, a
cumplicidade... e um lado que se tem de

É óbvio que
queremos estar
bem, ganhar
dinheiro, ter
uma empresa
sólida. Mas
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