Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1
DEZEMBRO 2021. EXAME. 53

soas a passarem mais tempo em casa e
a quererem espaços diversificados para
as várias atividades que entretanto pas-
saram a fazer parte do dia a dia. Por isso,
garantir o estado de espírito da sua equi-
pa foi fundamental para que a atividade
seguisse em alta.
“Quem me chamou a atenção para
esta questão da gestão mais humanizada
foi o meu marido”, admite a diretora cria-
tiva da Viterbo. “E, só para reforçar aquilo
que disse há pouco sobre comunidade,
porque creio que liga com isto, também
tomamos sempre atenção àquela em que
estamos envolvidos”, diz.
Para a executiva, a responsabilidade
social não é mais do que devolver à so-
ciedade o que ela lhe permite enquanto
empresária. E, acima de tudo, “é servir
de exemplo, tanto para quem nos rodeia
como para as outras empresas”. Leonor,
ao seu lado, concorda e acrescenta, em
jeito de lamento. “As empresas rurais
sempre foram vistas como o parente po-
bre da economia, são as pobrezinhas, as
que vivem de subsídios! Eu não quero
nada disso. Quero que a minha seja uma
empresa forte, bem gerida, com afeto mas
com eficiência. E isso implica também re-
conhecer que o sucesso vem do consumi-
dor. Porque sem pessoas que comprem o
meu vinho, onde estaria o meu sucesso?",
atira. “E, por isso, para mim os projetos de
responsabilidade social são importantes
porque são uma partilha. E, como dizia
a Gracinha, servem de exemplo aos ou-
tros. Para que possamos, todos, ter uma
noção global de crescimento. Porque é
óbvio que queremos estar bem, ganhar
dinheiro, ter uma empresa sólida. Mas
também podemos partilhar. Isso é, para
mim, muito claro.”
Em suma, refletem as responsáveis,
o que se quer são empresas que apren-
dam com as estruturas familiares aqui-
lo que pode ser a sua grande mais-valia:
a capacidade de perceber o potencial de
cada um e o seu lugar na organização.
Tal como numa casa, onde cada elemen-
to sabe exatamente qual a sua tarefa. Se se
olhar para os funcionários como pessoas,
com falhas e talentos, garantem, é muito
mais fácil transformar a gestão num caso
de sucesso. E

trabalhar muito em Portugal, que é o de
comunidade. Porque as empresas são pe-
quenas comunidades, e tem de haver a
preocupação de as pessoas saberem como
comunicar entre si, para que o façam de
uma forma positiva” e que se reflita na
cultura da organização.
Leonor aproveita a deixa e pega pre-
cisamente na experiência dos últimos 18
meses, para reforçar a importância de ter
a confiança das pessoas que se cruzam
consigo todos os dias, e que chamam casa
à marca que construiu.
Admite que, tal como Gracinha, a
pandemia não trocou propriamente as
voltas às contas, uma vez que o vinho foi
um dos produtos cujo consumo mais au-
mentou, a partir do primeiro mês de in-
certeza. Portanto, “depois de um grande
susto", a surpresa foi a subida das ven-


das, ainda que através de outros canais –
é que, se não havia canal HORECA para
explorar, as grandes superfícies foram
fundamentais. E, portanto, revela, assim
que a manutenção da atividade deixou
de ser uma preocupação, foram as pes-
soas que ocuparam o lugar principal dos
seus receios. “Tivemos vários planos de
emergência, quisemos garantir que cada
funcionário era agente da própria saúde
e que não se sentia desconfortável com a
estada nas instalações.”
Tentou estar a par de eventuais pro-
blemas pessoais, transmitir confiança e
segurança numa altura em que os des-
pedimentos, os layoffs e a atividade eco-
nómica ocupavam manchetes de jornais
e aberturas de telejornais.
No caso de Gracinha, a retoma tam-
bém foi rápida e em força, com as pes-
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