Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1

Macro



  1. EXAME. DEZEMBRO 2021


Após um arranque hesitante da vaci-
nação na Europa – com problemas de con-
tratação, demora na aprovação, falta de
financiamento e escassez de doses –, ela
disparou a partir de meados do segundo
trimestre. Portugal é um exemplo de su-
cesso, sendo o primeiro país do mundo a
atingir os 85% da população totalmente
vacinada em outubro. Na altura em que
este texto é escrito, essa percentagem está
quase em 88%, o que compara com 67%
na Alemanha. Ou com 58% nos Estados
Unidos da América e 62% em Israel, dois
países que beneficiaram de um arranque
muito mais rápido.
Sempre se antecipou que as vacinas
seriam decisivas no combate à pandemia
e os dados confirmaram, desde cedo,

Há um ano, a 8 de dezembro de 2020, Mar-
garet Keenan estava a uma semana de fa-
zer 91 anos. Naquela terça-feira, às 6h31,
ela receberia aquilo a que chamou “uma
prenda de anos antecipada”. Foi a primeira
pessoa do mundo a receber uma dose da
vacina da Pfizer como parte do megapro-
grama de vacinação que haveria de preen-
cher todo o ano e servir de combustível à
recuperação das economias. Num ano in-
tenso em novidades financeiras, nada foi
tão relevante para as nossas vidas como
aquilo que nos injetaram nas veias.
2020 foi um ano terrível para a eco-
nomia de todo o mundo. O PIB global re-
cuou 3,1%, arrastado pela queda natural
do consumo das famílias e da produção
das empresas perante uma epidemia pe-
rigosa e pelos confinamentos decretados
pelos governos. Portugal sofreu a segunda
maior recessão dos últimos 150 anos, com
uma quebra de 8,4%. Segundo os dados
históricos do FMI, só houve um ano mais
negativo para o PIB nacional: 1928, quan-
do a atividade económica caiu a pique
(-9,7%), tendo Salazar voltado a assumir
a pasta das Finanças em abril desse ano.
No entanto, embora definitivamente
dolorosa, a pandemia não foi tão penali-
zadora para as famílias como outras cri-
ses, inclusivamente a mais recente, que
envolveu a vinda da Troika. Isso tem uma
única justificação: a injeção de biliões de
euros pelos Estados de todo o mundo, que
mantiveram a economia à tona.
A aprovação das vacinas da Pfizer, Mo-
derna, Astrazeneca e Janssen foram o pri-
meiro passo para deixar de ter a ativida-
de ligada à máquina. Nenhum programa
económico ou decisão política seria tão
importante para a retoma como a orga-
nização dos planos de vacinação.


H


UNICÓRNIOS,
ENTRADAS
EM BOLSA E
REESTRUTURAÇÕES
Algumas empresas portuguesas
protagonizaram grandes
operações de financiamento e no
mercado de capitais. Na banca,
alguns processos de reestruturação
chegaram ao fim

> NOVOS UNICÓRNIOS

Houve mais startups portuguesas a chegar
ao estatuto de unicórnio. Foi o caso da
Feedzai, tecnológica especializada na
análise de transações financeiras para
detetar e prevenir fraudes, que fechou em
março uma ronda de investimento de 200
milhões de dólares, colocando a sua ava-
liação acima dos mil milhões. Já a SWORD
Health chegou a esse estatuto este mês
de novembro, ao fechar uma ronda de 189
milhões de dólares que conferiu um valor
de dois mil milhões de dólares à empresa.
Também a Remote, que tem um cofunda-
dor nacional, chegou a unicórnio em 2021.

> GREENVOLT

Em 2021 terminou um jejum de grandes
entradas em bolsa em Portugal. A Green-
volt, empresa de energias renováveis do
grupo Altri, concluiu uma oferta pública
de venda (OPV) no valor de 130 milhões
de euros, em julho. Foi a maior operação
deste tipo na Euronext Lisbon desde final
de 2014, quando os CTT foram para o mer-
cado. A estreante da bolsa nacional está
a dar ganhos aos investidores. Valorizava,
no dia de fecho desta edição, mais de 50%
face ao preço da OPV.

> BANCA

Foi também o ano do fim das reestrutu-
rações na banca. Ao fim de quase uma
década, a Caixa Geral de Depósitos livrou-
-se da vigilância da Comissão Europeia
após ter fechado com sucesso o plano de
recapitalização acordado com Bruxelas.
Também o Novo Banco deverá fechar o
seu programa de reestruturação e colocar
um ponto final no ciclo de prejuízos pesa-
dos que durou desde 2014, ano em que
foi criado, até 2020. Nos primeiros nove
meses de 2021 registou um lucro de 154,1
milhões de euros.
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