Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1

Macro



  1. EXAME. DEZEMBRO 2021


O mundo deverá
crescer quase 6% em
2021, com os EUA
a dispararem 6%
e a Zona Euro 5%.
As últimas previsões
sugerem que
Portugal ficará
entre 4,5% e 5%

Um outro estudo, feito logo em maio
pelo Peterson Institute for International
Economics (PIIE), chegava a conclusões
semelhantes, recomendando aos governos
que coloquem todas as munições que te-
nham na aceleração da vacinação. Apenas
do ponto de vista financeiro – sem sequer
contar com as vidas salvas –, os ganhos
com mais receita de impostos e menos
despesa social superam em muito qualquer
custo logístico do programa de vacinação.
Populações mais imunizadas contribu-
íram para um ano de crescimento forte. O
mundo, no seu todo, deverá crescer quase
6% em 2021, com os EUA a dispararem 6% e
a Zona Euro 5%. As últimas previsões suge-
rem que Portugal deverá ficar entre os 4,5%


e os 5% (com uma nova aceleração prevista
para 2022). O desemprego caiu, as fábricas
voltaram a aproximar-se dos 100% de ativi-
dade, o consumo disparou, os trabalhado-
res começaram a regressar aos escritórios.
Esta retoma haveria, contudo, de dar al-
guns sinais de travagem nos últimos meses
do ano, prejudicada por uma crise logística
e de transporte muito penalizadora para o
comércio internacional, com longos atra-
sos, escassez de certos bens e uma subida
de preços que ainda não é consensual se
será permanente ou passageira (ver cai-
xa). Caso os bancos centrais considerem
que a inflação veio para ficar, a subida de
juros pode chegar mais cedo do que se an-
tecipa, o que teria consequências transver-

A ASCENSÃO DAS CRIPTOMOEDAS


Os criptoativos tiveram valorizações avultadas em 2021
e começaram a seduzir alguns dos seus antigos detratores

Uma das grandes histórias do ano
foi a ascensão das criptomoedas.
Instrumentos como a bitcoin já
vinham a ganhar alguma populari-
dade nos últimos tempos, mas 2021
pode ter sido o ano da afirmação.
Surgiram novos projetos e novas
moedas digitais ganharam massa
crítica, o que fez o valor de merca-
do do universo cripto disparar para
2,3 biliões de euros em meados de
novembro, de acordo com dados
da CoinMarketCap. No final do ano
passado, a dimensão era quase
quatro vezes mais baixa. O interesse
dos pequenos investidores – que,
além das cripto, mostraram também
a sua força no caso da GameStop –
tem sido quente. Mas os criptoativos
começaram também a seduzir in-
vestidores institucionais. Se há bem
pouco tempo, os maiores bancos do
mundo torciam o nariz a este mundo
novo, agora começam a investir forte
neste tema para oferecerem aos
seus clientes serviços relacionados
com o mercado cripto. Algumas
das maiores instituições financei-
ras criaram, ou estão a preparar,
divisões dedicadas a estes novos

instrumentos e admitem que o cripto
pode constituir uma nova classe de
ativos a que os investidores podem
alocar uma parte pequena do seu
portefólio. Também Elon Musk e
outros multimilionários deram o
aval às criptomoedas, realizando
investimentos ou prometendo que
nas suas empresas a bitcoin e outras
divisas virtuais poderiam vir a ser
aceites como meio de pagamento.
Quem continua a não achar grande
piada a esta ascensão das criptomo-
edas são os bancos centrais. Além
de todos os avisos que têm reiterado
sobre o risco destes novos instru-
mentos, as autoridades monetárias
começam agora também a acelerar
os seus próprios projetos de moedas
digitais. Ainda no universo dos
criptoativos, 2021 foi também o ano
da euforia em torno dos tokens não
fungíveis (NFT, na sigla em inglês),
ativos digitais relacionados com arte,
música, desporto ou videojogos. O
volume de negócios destes coleci-
onáveis tem disparado e houve um
NFT de uma obra criada pela artista
digital Beeple a bater um recorde 69
milhões de dólares num leilão.
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