Macro
- EXAME. DEZEMBRO 2021
Além da atenção recebida, o aconte-
cimento simbolizou um regresso do re-
talho e uma nova lógica de atuação nos
mercados financeiros, menos guiada por
racionais de análise ou aconselhamento
profissional e com mais influência de mo-
vimentos de redes sociais, memes, piadas
e apostas de muito curto prazo. Com a
popularização de novas plataformas fá-
ceis de usar e gamificadas – como a Ro-
binhood –, há mais jovens atraídos pela
participação nos mercados financeiros,
nalguns casos pertencentes a classes de
rendimento mais baixas. Um movimen-
to de democratização que divide reações
entre o entusiasmo e o medo das conse-
quências para a integridade do mercado.
É também nesse campo que se têm mo-
vimentado os criptoativos. Eles obviamente
não nasceram em 2021, mas este foi prova-
velmente o ano em que se tornaram ma-
instream. Até mesmo grandes instituições
financeiras, que viam a sua ascensão com
desconfiança, começaram a oferecer ser-
viços relacionados com este mercado (ver
caixa). Há já muito dinheiro envolvido – o
valor de mercado de todas as criptomoedas
ultrapassa hoje os dois biliões de euros –,
cada vez mais empresas as aceitam como
pagamento e elas vão acumulando contra-
tos de patrocínio (o pavilhão dos Lakers vai
passar a chamar-se Crypto.com). É também
sintomático que o agora homem mais rico
do mundo, Elon Musk, tenha sido um gran-
de promotor de cripto.
Se 2020 foi o ano da pandemia, 2021
foi o ano da recuperação, deixando algu-
mas pistas de que o mundo pode mesmo
ter mudado nestes meses. A crise sanitária
e económica ainda não está ultrapassada,
mas as vacinas permitiram arrancar para a
retoma. Se elas continuarem a chegar aos
braços das pessoas, sem mais surpresas Co-
vid, 2022 pode ser o ano da aceleração. E
Mais de metade
da população
mundial ainda não
está totalmente
vacinada e dezenas
de países pobres
não conseguem
sequer chegar aos
dois dígitos
de percentagem
de cidadãos com
duas doses