Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1

Macro



  1. EXAME. DEZEMBRO 2021


A


AICEP espera chegar ao
fim do ano muito perto
dos €2 mil milhões em
investimentos atraídos,
um recorde impulsio-
nado pelo fecho acelerado dos últimos
contratos ao abrigo do PT 2020. Em en-
trevista à EXAME, o presidente da agên-
cia antecipa o crescimento nos centros de
serviços, diz que o fator mais competiti-
vo de Portugal é o acesso ao talento, cujo
preço está a sofrer um ajustamento para
cima, e reconhece que incentivos como os
benefícios fiscais são “determinantes para
a decisão final” do investidor.


A pandemia afetou Portugal estrutural-
mente, enquanto destino de investimento?
No início da pandemia, concluímos que
nenhum dos nossos fatores de competi-
tividade seria afetado. A curva da procu-
ra é muito semelhante, possivelmente até
tenha crescido em 2021, mas os critérios
de decisão são os mesmos. Talvez se sinta
maior velocidade de implementação no
digital, mas os fatores de competitividade
e o perfil de investimento que estamos a
angariar não mudaram.


Essa procura foi comum a outros desti-
nos ou Portugal teve particularidades?
Te n ho u m feedback bastante diversifica-


do da angariação e da contratualização de
investimento pelos nossos concorrentes.
Somos beneficiados pelo nosso principal
fator diferenciador, o talento, que influen-
ciou positivamente 2021 e daí para a frente.
Tudo indica que Portugal continua compe-
titivo e a receber bom investimento. Neste
ano, em outubro, já ultrapassámos o últi-
mo recorde histórico de contratualização,
que era o de 2019.

A “tempestade perfeita” recente, em tor-
no das matérias-primas, energia, com-
bustíveis, transportes, com impacto nos
preços e nos prazos de fornecimento, tem
tido reflexo nos investimentos?
A tomada de decisão de investir cá não
tem sido afetada. Foi muito difícil man-
ter entusiasmados os clientes do pipeline,
que nós conseguimos agarrar em 2020,
mas foi um trabalho vitorioso. Há alguma
demora na implementação dos projetos,
tanto nos que estão a iniciar como nos que
começaram durante a pandemia. A escas-
sez de matérias-primas e as alterações de
preço afetam muito as decisões dos clien-
tes, sobretudo na resposta a encomendas,
com um atraso de seis a 12 meses.

Será rapidamente recuperável?
A pandemia vai ser um fenómeno con-
tido, com efeitos durante meses a seguir

LUÍS FILIPE CASTRO HENRIQUES / Presidente da AICEP


“A aposta na


exportação foi


vencida e tem


resiliência”


Recuperação das vendas de bens ao exterior foi mais rápida
no pós-confinamentos do que na crise de 2010, sustenta o


presidente da AICEP, provando a aposta acertada das empresas
na exposição internacional. “O investimento que estamos a captar


é todo de natureza exportadora”, assevera Castro Henriques


Texto Paulo Zacarias Gomes Fotos Marcos Borga

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