DEZEMBRO 2021. EXAME. 87
ao seu fim – e ainda não acabou, mas já
temos uma luz ao fundo do túnel. É um
fenómeno mais conjuntural do que estru-
tural e será resolvido a seu tempo. Vamos
conseguir executar os projetos.
Voltando ao investimento. Na última con-
ferência anual da AICEP, fez um balanço
muito “colorido” da angariação em 2021...
Em média, vamos contratualizar pelo me-
nos mais 50% ao longo deste ciclo económi-
co [Portugal 2020] do que durante o QREN.
Portugal ganhou claramente este ciclo de
investimento! São fábricas, centros de enge-
nharia, operações perenes, que criam pos-
tos de trabalho, exportadoras e inovadoras.
A expectativa é a de fecho de 2021 com,
além dos €1 233 milhões [contratualizados
até outubro], pelo menos mais €600 a 700
milhões. Algures perto dos €2 mil milhões,
que é um valor nunca obtido. Estamos em
final de quadro, e as negociações são mais
complexas, até por uma questão de dispo-
nibilidade orçamental. Mas acreditamos
que vamos conseguir até 31 de dezembro.
A que se deveu isso? À atratividade fis-
cal? Ao financiamento comunitário? Ao
custo da mão de obra? À liquidez na eco-
nomia?
O talento é a variável mais importante para
se decidir localizar um investimento in-
dustrial, e ele determina todas as outras. A
maioria destas empresas, nacionais ou es-
trangeiras, escolhe o País porque o talen-
to é diferenciado. As habilitações técnicas
dos nossos jovens são idênticas às dos que
são treinados nas melhores universidades
dos melhores países da Europa, mas a lar-
ga maioria fala pelo menos duas línguas
estrangeiras, porque quer trabalhar num
ambiente multicultural e global. Portugal
qualifica relativamente bem no campo da
facilidade de fazer negócios, a que se junta a
infraestrutura tecnológica, a posição atlân-
tica –- uma vantagem para empresas nor-
te-americanas, preponderantes em 2021.
Desde 2015, procurámos posicionar o ta-
lento e a geração de talento, cobrir todas as
cadeias de valor dos principais setores que
operam cá (para que os fornecimentos se-
jam mais próximos) e nunca largámos os
clientes desde o primeiro dia de confina-
mento. Do pipeline que tínhamos em 2020
perdemos um cliente.
Neste ano, em
outubro, já
ultrapassámos
o último recorde
histórico de
contratualização,
que era o de
2019”