Macro
- EXAME. DEZEMBRO 2021
Há clientes que
não conseguem
lançar
a operação
porque não
encontram
pessoas? Não.
Há um ajuste
de preço no
mercado, o que
é natural”
ficar cá. E temos programas de formação
rápidos para requalificar pessoas à medi-
da que surgem necessidades no mercado.
Há clientes que não conseguem lançar a
operação, porque não encontram pessoas?
Não. Há um ajuste de preço no mercado, o
que é natural. Se estamos a angariar muito
mais investimento e atividade especializa-
da e altamente qualificada...
Ouço-o falar de talento, talento, talento,
mas nunca em salários nem nas diferen-
ças salariais para o mesmo talento entre
os vários países. Qualificação máxima
mas salário mais baixo do que noutros
destinos entra na equação do investidor?
O melhor indicador é percebermos a re-
alidade de uma reunião de angariação de
um novo cliente para o País. Numa reuni-
ão de uma hora, já passámos 45 minutos
até se começar a falar de custos. Hoje o
fator fundamental é o acesso ao talento.
Está a haver um ajustamento no próprio
mercado de trabalho em todas as catego-
rias, porque estamos a trazer muito mais
atividade para o País. É um resultado eco-
nómico natural. Qual é a dúvida?
Isso dá-nos garantia de menor probabili-
dade de deslocalização dessas empresas,
sempre que os custos de mão de obra bai-
xem noutro mercado?
Vou ainda mais longe. É muito mais difí-
cil deslocalizar know-how do que a in-
fraestrutura, mexer centenas de pessoas
com know-how adquirido, que ainda por
cima o espalham no ecossistema, geran-
do um ciclo virtuoso. O talento não é só
um fator diferenciador, é também um ele-
mento de estabilidade e de manutenção
de investimentos no País.
O atraso com que partimos em relação
ao resto da Europa no 5G condicionou a
atração de investimento?
Até à data, não. Entre os fatores de com-
petitividade que apresentamos estão a re-
siliência e a disponibilidade da nossa rede
de telecomunicações. Os clientes estão sa-
tisfeitos com a infraestrutura que temos.
Para a frente, ainda não ouvi uma preocu-
pação da parte dos meus clientes. Preocu-
pa-me que nesta matéria, em que sempre
demonstrámos estar na dianteira, não fi-
que claro que nesta nova geração consiga-
mos fazer isso. Vai depender da velocidade
da implementação real.
Olhando agora para as exportações: se
outubro, novembro e dezembro forem
semelhantes aos do ano passado, as ven-
das de bens ao estrangeiro em 2021 vão
superar as de 2019?
Esse ano já tinha sido recorde de expor-
tações, e vemos que em comparação, pre-
sentemente, nos setores de bens, estamos
a crescer 4,8% acima. Isso é prova de re-
siliência e de competitividade das nossas
exportadoras.
Ficaremos acima dos €60 mil milhões de
exportações de bens?
Creio que ainda é cedo dizer que vamos
ultrapassar 2019, porque falta todo um
trimestre de dados; há uma série de efei-