Exame - Portugal - Edição 452 (2021-12)

(Maropa) #1
DEZEMBRO 2021. EXAME. 91

tos cruzados. Se não for no final do ano,
será em janeiro ou em fevereiro. Se havia
preocupação de disrupção no nosso teci-
do exportador durante a pandemia, ela
está completamente ultrapassada.


Na pandemia, ganhou quem foi capaz de
exportar. É uma lição para quem não deu
a atenção a essa necessidade de se expor
ao exterior?
Nos setores transacionáveis, continuamos
com boas oportunidades de crescer em
comércio externo e de ganhar quota. As
mesmas exportadoras que nos permitiram
sair da crise de 2012-2014 estão a pôr o País
outra vez a crescer. O nível e a velocidade
de recuperação das exportações de bens fo-
ram mais rápidos do que na crise de 2010.
As empresas expostas a mercados inter-
nacionais conseguiram conquistar outros


querem perceber o que está em jogo. Mas
quando lhes expliquei que vamos ter elei-
ções a 30 de janeiro e que faz parte do pro-
cesso democrático convocar eleições a par-
tir do momento em que não há um acordo
à volta do Orçamento, não recebi qualquer
preocupação de nenhum cliente.

Vê nisso a prova de que as empresas não
precisam obrigatoriamente de um gover-
no em funções para a economia andar?
São períodos conjunturais que estão bali-
zados nas democracias dos países. Com-
paremos com outros na Europa, no ato de
formação de governos e de estabelecimen-
to de acordos parlamentares, e veremos
que eles têm períodos muito mais longos
do que os que estamos aqui a discutir.

Depois da bazuca do PRR e do Portugal
2030, o que espera para Portugal? É rea-
lizável ter um País diferente no final dis-
to tudo?
Espero que sim [risos]! Isso ainda vai dar
muito trabalho. Com os resultados que
obtivermos até 2021, não haverá motivo
algum para não sermos otimistas e am-
biciosos. Se, há 12 anos, lhe dissesse que
íamos exportar centenas de milhões de
euros de componentes aeronáuticos, que
o automóvel é o nosso maior exportador,
que temos o maior número de centros de
desenvolvimento de software dos monta-
dores de automóveis alemães fora da Ale-
manha, acreditava? Conseguimos superar
todas as barreiras. Ao termos mais meios
no próximo quadro, poderemos ir ainda
muito mais longe!

Daqui por cinco anos, estar-me-á a fazer
essas mesmas perguntas, por exemplo,
em relação ao papel que Portugal vai ter
no lítio ou no hidrogénio?
Daqui a cinco anos, depois de ver o traba-
lho que será feito ao longo desse tempo.
Não tenhamos dúvidas de que a transição
energética na Europa será uma realidade. A
grande questão é como Portugal consegue
inserir-se nisso – e eu desejo que o consiga.
Se jogámos nas indústrias mais competiti-
vas nos últimos anos, não vejo porque não
participaremos ativamente nas transições
energética e digital. Se mantivermos os nos-
sos fatores de competitividade, virão mais
atividade, investimento e exportações.

mercados. A aposta na exportação, feita na
última década, foi vencida e tem resiliên-
cia. E continua a haver oportunidades... O
investimento que estamos a contratuali-
zar e a trazer para cá é todo de natureza
exportadora. Ao iniciarmos um novo ciclo
de investimento a partir de 2022, temos de
perceber se não queremos aumentar sig-
nificativamente a ambição. Eu acho que
vale a pena.

Como os seus clientes percecionaram
esta crise política e orçamental que de-
sencadeou as eleições antecipadas de 30
de janeiro? A tarefa da AICEP na atração
de investimento ficou dificultada?
Diria que não. Os investidores estão a
ver isto como um fenómeno conjuntu-
ral. Como deve imaginar, recebi muitas
chamadas de alguns investidores, porque
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