Play Station - Edição 258 (2019-07)

(Antfer) #1

20


E3 2019


demo, mostramos como o jogador ou
jogadora pode fazer suas escolhas
através da árvore de habilidades e
aplicá-las da forma que quiserem,
construindo assim um personagem
único que o ou a represente. Quando
você leva esses conceitos e possibilidades
para a perspectiva em primeira pessoa,
é possível presenciar de perto essas
características estéticas ou habilidades,
além do modo como se vivencia aquele
mundo com seus cenários e objetos, e
como se interage com personagens e
inimigos. Com isso queremos ter certeza
de que aquela será uma experiência
extremamente pessoal e de que você
estará lá interagindo com tudo. Um
exemplo disso é como V se conecta de
forma literal com diversos elementos,
personagens e objetos através dos
cabos de conexão em seus braços. Essa
utilização frequente dos braços de V e
a estilização visual que usamos em suas
ações de ataque ou defesa reforçam a
ideia de deixar o jogador ou jogadora o
mais próximo possível e imersos na ação.

PRO-BR Uma coisa interessante sobre
Cyberpunk é que ele é um jogo que não
está trabalhando com um personagem
fixo como a cara do jogo, então há uma
impressão de que o universo do game
é um importante personagem por si
só. Quão complexo é para a equipe o
fato de não contar com uma cara tão
reconhecível como a de um personagem
como Geralt para promover o game?
Paweł Sasko Em nosso jogo, através
das escolhas que estamos oferecendo,
fazemos questão de que o jogador viva e
interprete uma visão única e pessoal do
personagem protagonista. O personagem
principal de Cyberpunk é o próprio
jogador e queremos que essa opção de
interpretação de papéis dos RPGs e toda
sua variada gama de possibilidades sejam
as ferramentas para que o jogador seja
e viva como o personagem V. Quando
você escolhe seu Life Path no jogo, abre
caminho também para a construção de

sua própria história. Dependendo de seu
estilo de jogo, é possível também definir
um pouco do tipo de pessoa que sua versão
de V será. Tudo no jogo é sobre o jogador
e quem ele quer ser neste universo.

PRO-BR Um dos momentos mais
interessantes e intrigantes da demo foi o
conceito do Cyberspace. O que podemos
esperar desse outro universo particular
que habita Cyberpunk 2077?
Paweł Sasko O Cyberspace é uma
antiga e extremamente perigosa parte
da rede. Esse espaço é tão cheio de
riscos que para que os jogadores o
explorem é necessário o suporte de
outros Netrunners (hackers altamente
especializados). Essa é a razão pela
qual V está dentro da banheira sendo
ajudada por Brigitte. No momento em
que seu corpo está na banheira cheia de
gelo, ele se transforma numa espécie de
processador ou CPU tão poderoso que,
se fosse feito de forma diferente, você
poderia literalmente fritar tamanha
a quantidade de informações sendo
assimilada pelo seu cérebro. É possível
perceber que quando V está de fato
entrando no Cyberspace o próprio tecido
da realidade vai se desfazendo na frente
de seus olhos e os jogadores poderão
descobrir diversos segredos naquele
lugar. Como você está procurando por
algo bastante específico ligado à história
do jogo, não será possível explorar o
Cyberspace livremente, mas há muito
a ser feito pelo jogador ali em termos
de gameplay quando se atravessa para
além daquele espaço.

PRO-BR Algumas das influências e
inspirações para a construção de
Cyberpunk 2077 são muito claras.
Há outras inspirações não tão óbvias
para o jogo que possam escapar de
olhos menos atentos?
Paweł Sasko Com certeza. Na realidade,
existem várias delas. Obviamente, temos
como influência livros como Neuromancer,
Count Zero e Mona Lisa Overdrive [três

capítulos da trilogia Sprawl], mas
provavelmente muitos jogadores não
se lembrarão de clássicas histórias
noir como O Sono Eterno, de Raymond
Chandler; Wolfbane, de Frederik Pohl e C.
M. Kornbluth ou até de Creatures of Light
and Darkness, de Roger Zelazny. Porém,
eu creio que os filmes tenham um impacto
ainda maior em nossa visão, como a trilogia
Matrix, Johnny Mnemonic: O Cyborg do
Futuro [com Keanu Reeves], Blade Runner
e Ghost in the Shell são algumas das
referências óbvias, enquanto Dredd,
Laranja Mecânica, Cowboy Bebop e Akira
são um pouco menos óbvias, mas ainda
sim muito importantes e fortes para nós.
Provavelmente a mais surpreendente
e menos óbvia inspiração seja a série
ocidental de HQ Scalped, de Jason Aaron.

PRO-BR Ostentando o título de um
dos jogos mais aguardados de 2020 e
com tanto hype rondando Cyberpunk,
como a equipe lida com a pressão pelo
resultado e como manter o foco em
momentos de estresse?
Paweł Sasko Em primeiro lugar, nós
gostamos muito de toda a atenção e de
todos os comentários dos jogadores,
jornalistas e influencers sobre o game.
Significa muito para nós que tanta gente
se importe com o que estamos fazendo.
Estivemos numa situação similar antes do
lançamento de The Witcher 3, mas agora
a situação é visivelmente mais tensa. Os
desenvolvedores da nossa equipe estão
completamente cientes de quantas
pessoas estão aguardando por este jogo
e isso é um grande fator motivacional
para nós. Não há nada mais poderoso que
saber que seu trabalho diário é bem-vindo
e esperado por alguém. Nós somos os
nossos maiores e mais ferrenhos críticos,
mas ainda assim continuamos procurando
por qualquer comentário negativo sobre
o jogo para que possamos melhorá-lo


  • toda essa atenção acaba ajudando
    e nós a usamos para dar nosso melhor
    e eu sou muito grato por isso.


PRO-BR Se Cyberpunk se tornar uma
peça profética sobre o nosso futuro,
como você se sentiria em relação ao
que nos aguarda? Você teria algum
conselho para a humanidade?
Paweł Sasko Se isso realmente
acontecer, eu acho que estaríamos
condenados como espécie (risos). Eu
digo isso pois o mundo de Cyberpunk é
absolutamente opressivo, cruel e brutal.
Não seria um bom lugar para se estar,
posso te garantir isso. O melhor seria
mesmo correr (risos). Mas no fim das
contas eu realmente espero que esta
não seja uma obra profética e sim uma
peça de ficção em formato de videogame
que usamos para falar de aspectos sociais,
O mundo do jogo é opressivo e brutal, inspirado em diversos livros, séries, filmes e HQs econômicos, políticos e filosóficos.
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