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REVIEW
B
loodstained marca um retorno muito
esperado. Já faz uma década desde que
Koji Igarashi, ou IGA para os íntimos,
produziu o último Castlevania "de verdade"
- Order of Ecclesia, para Nintendo DS, de 2008.
Tanto a trilogia de Game Boy Advance quanto a
de DS eram muito boas, mas suas plataformas
impediam essas sequências de irem muito além
do padrão estabelecido pelo clássico supremo
Symphony of the Night, de 1997. Após a era do
DS, a Konami foi parando aos poucos de fazer
videogame, e nunca mais vimos o trabalho do
prolífico diretor/produtor.
Pouco depois dessa era, com a ascensão dos
jogos indie, os chamados "metroidvanias" começaram
a brotar por toda parte. De Axiom Verge a Hollow
Knight, o que não falta são jogos que seguem o
clássico estilo de exploração 2D no formato de Super
Metroid e SOTN. É por isso que Bloodstained: Ritual
of the Night tem um peso maior nas costas: além de
ser o retorno do IGA ao gênero desde sua saída da
Konami, ele chega em um mercado completamente
diferente, com muitos jogos de qualidade tentando
deixar sua marca nos últimos anos.
NADA A ESCONDER
Só que IGA não parece estar nem um pouco
interessado no que outros jogos têm feito nesses
quatro anos entre o anúncio e
o lançamento de Bloodstained,
pois o jogo não se preocupa
nem por um instante em
esconder o que realmente
é: um novo Castlevania com
outro nome. Na verdade, ele
faz questão de jogar isso
na sua cara a todo instante.
Existe um personagem que é
praticamente o Alucard (com a
mesma voz de SOTN, inclusive),
missões para vingar pessoas
mortas cujos nomes são os
mesmos de praticamente todos
os Belmonts que já existiram
(Coincidência? Acho que não)
e um monte de outros detalhes
nada sutis. Até mesmo a roupa
da protagonista Miriam acaba
lembrando um pouco a do herói
de Symphony of the Night se
você mudar a cor para preto.
Não é só em homenagens
e detalhes que as lembranças
aparecem. Até mesmo na
própria jogabilidade fica claro
que a única preocupação da
equipe de desenvolvimento era
fazer um novo Castlevania. A
campanha de financiamento de
Bloodstained tentava vender a
ideia de "IGAvania", uma forma
particular de games 2D que só
o produtor era capaz de criar.
Mesmo sabendo que no fundo essa
é só uma frase feita para vender o
jogo, fica difícil não concordar com
ela após terminar a nova obra.
Novamente, são os pequenos
detalhes, só que esses são
integrais para que o jogo tenha
grande qualidade. Algo que
nenhum outro jogo consegue
replicar, por exemplo, é a marcha
da sua personagem. Assim
como em Castlevania, há algo
extremamente confortável na
forma como Miriam anda, uma
mistura entre a animação, o peso
e a distância percorrida pela
personagem que simplesmente
parece correta da forma mais
perfeita. Fica evidente que isso
é refinado do início ao fim do
desenvolvimento. O pulo também
FICHA
- PS4
- AÇÃO, RPG
- ARTPLAY,
505 GAMES - INGLÊS/JAPONÊS
(ÁUDIO),
PORTUGUÊS (TEXTO) - MÍDIA FÍSICA
E DIGITAL
ALÉM DO CASTELO
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DOUGLAS PEREIRA
BLOODSTAINED:
RITUAL OF THE NIGHT
Castlevania não morreu, apenas trocou de nome
A forma como a protagonista
Miriam anda é tão confortável
quanto em "Castlevanias reais"