Play Station - Edição 258 (2019-07)

(Antfer) #1
45

REVIEW


tem peso, altura e velocidade
ideais. É impressionante e
também muito importante, já que
você vai passar algumas dezenas
de horas correndo e pulando
sem parar. Em muitos jogos
do tipo, os controles também
são precisos, mas o resultado
faz parecer que você está
controlando um pontinho perfeito
na tela, como em Hollow Knight,
em vez de um personagem
completo, com peso e
movimentos próprios.
Mas o que realmente define
o estilo de jogo de Koji Igarashi,
perfeitamente representado em
Bloodstained, é a atenção dada
à exploração e ao ritmo. Sim, o
combate é de suma importância,
e ver que deram bastante
atenção a muitos movimentos
especiais para cada tipo de
arma e maneiras variadas de
usá-las é ótimo. Porém, assim
como em Castlevania (exceto
pelo difícil Order of Ecclesia),
você não terá suas habilidades
como jogador testadas com

frequência na dificuldade normal


  • você geralmente morre quando
    fica relaxado e não dá valor a
    novos inimigos –, pois o que vale
    mesmo é explorar cada canto e
    sempre querer descobrir o que
    está naquele pequeno quadrado
    que você não abriu no mapa,
    seja uma arma diferente,
    um acessório com atributos
    interessantes, etc. A junção de
    controles confortáveis com o fato
    de sempre ter um lugar novo
    para ir o força naturalmente
    a querer abrir mais e mais do
    mapa – você não quer achar
    novos caminhos só para terminar
    o jogo, mas porque quer ver
    tudo o que existe no castelo.
    Bloodstained faz isso de
    forma magistral com a ajuda
    de belos cenários. Muito se falou
    nos anos de produção sobre
    como o jogo parecia feio, mas
    na reta final as coisas mudaram
    e o resultado até que ficou bem
    satisfatório, especialmente
    pelas escolhas artísticas
    acertadas, como planos de fundo


VEREDITO
Apesar de não ser um
Castlevania real, Bloodstained
proporciona aos fãs da série
da Konami tudo o que eles
esperavam de um novo jogo
no estilo tradicional.

profundos e uma iluminação
chamativa. Não é um trabalho
que necessariamente salta aos
olhos, afinal, trata-se de um jogo
de uma equipe pequena com
orçamento de financiamento
coletivo, mas o estilo de arte
ajuda a dar vida a quase todas
as áreas e inimigos. O som,
parte sempre importante de um
Castlevania (não é o caso aqui,
mas você entendeu), também
não decepciona, com a própria
Michiru Yamane, que trabalhou
na série desde Rondo of Blood,
fazendo seu trabalho sempre
excelente. Só é curioso que
as músicas sigam um estilo
mais parecido com as dos
jogos portáteis, com menos
instrumentos e melodias mais
diretas, em vez de ir para a
grandeza das composições de
Symphony of the Night e dos
jogos para PS2, que eram mais
épicas e pareciam tocadas em
um grande salão, e não em um
palquinho na sua frente. Existe
uma ou outra música que segue
esse padrão e, apesar de isso
ser bem subjetivo, são as
melhores composições do jogo.

MILAGRE CONHECIDO
Se algo merece uma crítica,
talvez seja o fato de Bloodstained
ser Castlevania demais. Parece
uma coletânea de sucessos, uma
celebração daqueles sete ótimos
jogos feitos ao longo de 11 anos,
como se o tempo tivesse parado
logo depois de Order of Ecclesia.
É uma evolução simples daquele
jogo. Você tem várias tarefas

para cumprir, que envolvem
matar inimigos ou encontrar
itens que eles deixam, para
agradar várias pessoas. O
sistema de almas introduzido
em Aria of Sorrow, em que os
inimigos têm uma chance de
deixar uma alma que fornece
uma habilidade especial que
pode ser equipada, persistiu até
Ecclesia e continua presente
em Bloodstained. Tudo funciona
exatamente do jeito que você
espera. Talvez a única grande
novidade seja a habilidade
Invert, que altera a gravidade,
essencialmente fazendo o
castelo ficar de ponta-cabeça
na hora que você quiser –b
um jeito muito perspicaz de
aproveitar o fato de o jogo
agora ser em 3D para
incorporar um dos momentos
mais marcantes de SOTN.
Embora a falta de novidades
tire um pouco da graça de um
novo lançamento, este é um caso
um pouco diferente. O fato de
existir um jogo que é basicamente
um novo Castlevania, feito por
pessoas responsáveis por aquela
série, é um milagre por si só.
Dificilmente veremos a Konami
fazer algo do tipo, e se não fosse
por esse projeto, esse estilo
específico que deu origem a
um dos maiores clássicos dos
videogames ficaria enterrado
para sempre no passado. Depois
de uma década sem um jogo
desse estilo na série, fica difícil
reclamar de ver uma fórmula tão
boa voltar exatamente do jeito
que a gente se lembra dela.
Este é um dos melhores
projetos financiados através do
Kickstarter, e quem esperava
outra bomba como Mighty No. 9
vai ficar bem surpreso com a
qualidade geral, mesmo com uns
bugs meio bobos que atrapalham
de vez em quando. A missão de
Bloodstained era dar aos fãs
de uma das maiores séries dos
videogames aquilo que eles
sentiam falta, e ela foi cumprida
no mais alto padrão. Agora
podemos avançar rumo a novos
horizontes nesse competente
substituto de Castlevania.

O estilo de arte
ajuda a dar vida
aos cenários e
aos inimigos

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