Plantas Medicinais - Edição 03 - Maria Zélia de Almeida

(Antfer) #1

febres, reumatismos etc. Como é a casca que mantém o salgueiro protegido e
quente, é nela que se espera encontrar o princípio ativo em questão.


No século XVIII, descobriu-se que a casca do salgueiro é tão amarga quanto
a de uma árvore do Peru, a quina, cujo extrato era tido como o remédio
supremo contra a malária. Assim, uma infusão da casca de salgueiro passou a
ser usada como medicamento antitérmico. Em 1829, o francês Leroux
conseguiu extrair da casca do salgueiro uma substância que denominou
salicina (nome latino da árvore). Logo depois, um farmacêutico suíço
chamado Pagenstecher destilou flores de rainha-dos-prados, planta do gênero
Spiraea, que também gosta de ter os pés molhados, obtendo uma substância
muito semelhante à salicina, o salicilato de metila.


No momento histórico que antecedeu a virada do milênio, observou-se o
retorno de práticas medievais baseadas, mais uma vez, numa terapia por
“analogia”, onde as comunidades com precária assistência à saúde passaram a
denominar as plantas para fins medicinais com nomes de especialidades
farmacêuticas. Essa tendência sinaliza um retorno à Teoria das Assinaturas,
descrita acima. Essas plantas receberam nomes de medicamentos
cotidianamente utilizados em diversas patologias. Diferentemente da tradição
empírica dos povos medievais, a analogia não é feita pela morfologia externa
do vegetal ou mesmo pelas suas características de crescimento e habitat.
Atualmente, os parâmetros são as atividades terapêuticas. Sendo assim, foram
introduzidas muito recentemente na medicina popular brasileiras plantas
denominadas de Insulina, Anador, Novalgina, Baralgin, Benzetacil,
Tetraciclina, Eritromicina, Vick Vaporub e Elixir Paregórico, cujos
levantamentos bibliográficos até o momento não respaldam os seus usos.


Em 2005 uma publicação científica, “Princípios ativos e atividades
farmacológicas de 8 plantas popularmente conhecidas por nome de
medicamentos comerciais”, aborda a questão e demonstra que algumas
dessas plantas tem atividade farmacológica comprovada semelhante a ação
prevista para o medicamento. Como Cissus sicyoides, insulina, que
demonstrou ação hipoglicemiante em ratos. (MARTINS, 2005)

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