Plantas Medicinais - Edição 03 - Maria Zélia de Almeida

(Antfer) #1

Odisseia, narra que Helena servia a Telêmaco quando esse se sentia triste
pela lembrança de Ulisses... “uma poção de esquecimento retirada da seiva
da dormideira”. Em várias pinturas, datadas da Idade Média, existem
referências à Mandrágora, planta mágica usada como anestésico em cirurgias
apesar de sua conhecida toxidez. Sua raiz antropomorfa e bifurcada,
lembrando duas pernas, através da Teoria das Assinaturas, contribuiu muito
para a fama de planta mística e afrodisíaca. Na comédia satírica Mandrágola,
em 1515, Maquiavel ridicularizou a hipocrisia do clero, a corrupção na Itália
renascentista. No centro da trama está a Mandrágora, erva mágica
fecundante. Sheakspeare, citou a mandrágora nas falas dos personagens
Julieta e Cleópatra. Muitas são as lendas com essa planta, sempre presente
nas fórmulas dos filtros de amor, nos unguentos das bruxas, nos rituais que
proporcionariam prazer, fertilidade e felicidade eterna.


Preciosos conhecimentos perderam-se no decorrer da história das
civilizações, extintas por fenômenos naturais, migrações e, principalmente,
pela ocorrência das invasões gregas, romanas, muçulmanas e pelas
colonizações europeias, que impuseram seus costumes, alterando realidades
socioculturais e econômicas. No Brasil, o conhecimento dos índios, dos
africanos e de seus descendentes está desaparecendo em decorrência da
imposição de hábitos culturais importados de outros países, havendo um risco
iminente de se perder essa importante memória cultural.

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