CAPÍTULO 11
A carrinha para levar Tammy para o aeroporto chegou exactamente às oito horas em
ponto da manhã seguinte. Tammy já estava a pé, vestida e pronta para partir quando o
transporte chegou. Candy e o pai desceram para se despedirem dela. Candy vestia uma
T-shirt de algodão e uns calções jeans rasgados. A T-shirt revelava-lhe os seios, como
sempre, e enquanto ela ficou ali fora a acenar à irmã, com o seu longo cabelo louro,
desgrenhado e sexy, todos os homens que estavam na carrinha ficaram a olhar para ela
embasbacados e com os olhos arregalados.
Candy abraçou Tammy. Sabrina e o pai fizeram o mesmo e logo depois Tammy entrou na
carrinha, com Juanita e a sua mala Birkin. A família detestou vê-la partir. Dois minutos
mais tarde, Candy e Sabrina entraram no carro para irem até à cidade ver a casa.
Chegaram à cidade por volta das nove e meia da manhã e passaram primeiro pelo
apartamento de Sabrina, para irem buscar mais algumas roupas e verem o correio.
Candy disse que não precisava de ir a casa dela. Parecia ter levado consigo um
fornecimento interminável de T-shirts transparentes. Sabrina sentiu-se como se tivesse
estado ausente há anos. Era uma sensação estranha pensar que na última vez que vira e
estivera no seu apartamento, a mãe ainda era viva e Annie não estava cega. Muita coisa
mudara num curto espaço de tempo. E Sabrina sabia que muito mais coisas iriam mudar a
partir de agora. Em especial se mudasse de casa. Não sentia nenhuma ligação afectiva
especial com o seu apartamento, por isso não se importaria muito em deixá-lo. Mas viver
com Annie e com Candy seria uma mudança tremenda para si. Sabrina morava sozinha
desde os tempos da faculdade, há já quase treze anos. Passar a viver com as irmãs seria
um retrocesso no tempo para si. Iria sentir falta da sua independência. Contudo, era por
uma boa causa. E dentro de um ano Sabrina esperava que Annie já estivesse adaptada à
sua situação e preparada para viver sozinha. Candy poderia então voltar para o seu
elegante apartamento e Sabrina podia arranjar outro para si. Todavia, durante o próximo
ano, todas elas teriam que dar-se bem, serem amigas e colaborarem ao máximo para
ajudarem Annie a efectuar a transição para os tremendos desafios que a esperavam.
Desafios esses que seriam gigantescos e hercúleos.
Saíram do apartamento de Sabrina faltavam cinco minutos para as dez. Quando
estacionou o carro na Rua Oitenta e Quatro Este, Tammy ligou-lhe para o telemóvel. Disse
que iria embarcar dentro de pouco tempo.
— Só liguei para me despedir outra vez.
As três irmãs ficaram mais apegadas do que nunca durante aqueles dias, como se
estivessem a tentar colmatar o elo que faltava. O desaparecimento da mãe abalara-as a
todas de forma terrível.
— Faz uma boa viagem. Vamos agora ver a casa — disse Sabrina ao mesmo tempo que
desligava a ignição do automóvel.
— Depois conta-me o que achaste.
De repente, Tammy sentiu-se excluída e desejou estar ali também.
— Está bem. Vê se engatas um tipo jeitoso no avião — brincou Sabrina para encorajá-la.
— Só me sento ao lado de padres, de velhotas, ou de crianças com dores de ouvidos. É
uma regra inflexível que estabeleci desde há muito.