Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

podia chamar assim. A audição da irmã e os seus outros sentidos pareciam estar a ficar
mais apurados.
— Temos uma surpresa para ti — disse Candy, soltando uma pequena gargalhada
travessa.
— Que bom — respondeu Annie de mau humor e com uma expressão carrancuda. — Nos
últimos tempos, as surpresas não têm sido famosas.
Todas elas concordavam com a irmã nesse aspecto. No entanto, estavam esperançadas de
que a notícia sobre a casa nova fosse animá-la.
— O que andam vocês a tramar?
— Acabámos de voltar da cidade — explicou Sabrina. — Fomos para lá logo depois de a
Tammy partir. Ela pediu que te déssemos um beijo. Por isso, toma um beijo.
Annie sorriu e esperou pelo resto da novidade.
— Fomos ver uma casa.
— Uma casa? — exclamou Annie, parecendo subitamente em pânico. — O pai vai
mudar-se para a cidade?
Annie não queria que tudo mudasse assim tão depressa. Adorava a casa dos pais e
gostava de lá ficar quando ia visitá-los.
Não queria que o pai a vendesse e esperava que ele não fizesse isso.
— É claro que não — prosseguiu Sabrina. — Fomos ver uma casa para nós.
— Tu e o Chris vão casar-se ou vão morar juntos? Annie parecia confusa e Sabrina riu-se.
Encontrar a casa perfeita para elas logo à primeira tentativa fora uma vitória considerável.
— Não. Pelo menos agora não. Esta é uma casa para ti, para mim e para Candy. Durante
um ano, enquanto te organizas e... bem... te acostumas às coisas — respondeu Sabrina,
tentando ser delicada nas suas palavras. — E daqui a um ano, podes decidir o que queres
fazer. Podes livrar-te de nós, se quiseres. Ou podemos alugar outra casa. Em todo o caso,
esta só está disponível por um ano. É mesmo amorosa. Fica na Rua Oitenta e Quatro Este.
— Que vou eu fazer para lá? — perguntou Annie com ar pesaroso e desesperado ao dizer
isso.
— Talvez possas ir à escola. Vais fazer o que for preciso durante este ano para te tornares
independente.
Sabrina estava a tentar mostrar-se optimista em relação às mudanças que Annie teria de
efectuar. Também ainda nem sabiam muito bem quais seriam essas mudanças. Estavam à
espera do plano de tratamento da irmã, assim que ela recebesse alta.
— Eu era independente até há uma semana. Agora vou passar a ser como uma criança de
dois anos, ou pior.
— Não vais nada. Queremos ser as tuas companheiras de casa, Annie, não as tuas
carcereiras. Podes entrar e sair de casa sempre que quiseres.
— E como acham vocês que eu vou conseguir fazer isso? Com uma bengala? — perguntou
Annie, ao mesmo tempo que os seus olhos se enchiam de lágrimas. — Eu não sei usar uma
bengala.
Quando Annie disse isto, as três irmãs pensaram nas pessoas que já tinham visto a tentar
atravessar a rua com muito trânsito e que precisavam de auxílio para o fazerem.
— Preferia ter morrido. Talvez seja melhor eu ficar em casa do pai.
Estas palavras soaram-lhes como um balde de água fria. Até mesmo o pai acabaria por

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