a fazer todo o trabalho pesado e chato? Quem fez dela a princesa de contos de fadas e a ti
a Gata Borralheira, obrigada a esfregar o chão do castelo? Tens tanto direito a ser a
princesa encantada como a Candy. Deixa que seja ela a fazer um pouco de trabalho
pesado, para variar.
— Amo-te — disse Sabrina sorrindo para Chris e depois beijou-o. — Seja como for, prefiro
ficar a sós contigo.
Os homens das mudanças finalmente foram-se embora e Sabrina e Chris ficaram a
trabalhar sozinhos. E obtiveram a paz e a tranquilidade de que precisavam. Pararam para
respirar meia hora mais tarde, subiram as escadas, fizeram a cama de Sabrina e acabaram
por fazer amor e depois ficaram ali deitados nos braços um do outro durante mais uma
hora. Foi perfeito, como sempre era. Sabrina dormitou nos braços de Chris, até que,
finalmente, ambos se levantaram e voltaram a desempacotar as coisas e a arrumá-las. Foi
a primeira vez no espaço de um mês que Chris sentiu que tinha toda a atenção de Sabrina
só para si e, pelo menos, durante essa hora ela voltou a pertencer-lhe. Era o paraíso e
deu-lhe esperança de que a vida de ambos poderia um dia voltar ao normal. No entanto,
Chris não pôde deixar de pensar quando seria isso.
Em Connecticut, o pai fizera o jantar para Annie. Ela não queria queixar-se, mas os crepes
congelados estavam intragáveis, muito embora a sopa estivesse mais ou menos aceitável.
O pai desculpou-se pelos seus fracos dotes culinários e Annie riu-se com ele.
— Deve ser genético, pai. Eu também não sou lá grande cozinheira.
Em seguida, o pai deu-lhe um gelado, depois de perguntar se a filha queria de chocolate
ou de baunilha e se queria de chocolate amargo ou de chocolate de leite. Annie escolheu
gelado de baunilha com capa de chocolate amargo e estava a saboreá-lo quando ouviu a
campainha da porta. O pai foi atender, enquanto Annie esperou na cozinha. Conseguia
ouvir a voz de uma mulher a falar com o pai e as palavras "Mas que surpresa", proferidas
pelo pai, mas não lhes prestou atenção nenhuma, até que terminou de comer o seu
gelado e seguiu o som das vozes para ver o que o pai estava a fazer e quem era a visita.
Nessa altura, o pai estava lá fora no relvado, a conversar com uma mulher cuja voz Annie
não reconheceu. Tudo o que conseguia perceber era de que se tratava de uma mulher
jovem.
— Lembras-te da Annie, não lembras? — perguntou o pai à mulher desconhecida quando
Annie se aproximou. — Já é uma mulher.
— E cega — acrescentou Annie para causar mais impacto e com a intenção de chocar.
Há várias semanas que dizia coisas como aquela. Era a sua maneira de expressar a sua
raiva. Sabrina frisara por diversas vezes, o mais delicadamente que pôde, que ser grosseira
com as pessoas não iria restituir-lhe a visão. Não era da natureza de Annie comportar-se
daquela maneira. Ou, pelo menos, não fora até então.
— É verdade — disse o pai e a sua voz ficou melancólica no mesmo instante. — Ela estava
com a mãe no carro na altura do acidente.
Annie ainda não fazia a mínima ideia com quem o pai estava a falar.
— Quem é, pai? — perguntou ela quando chegou perto deles.
Pôde sentir um perfume desconhecido que era feito de lírios-do-vale.
— Não te lembras da Leslie Thompson? O irmão dela andou na escola com a Tammy.
— Não, não me lembro — respondeu Annie com sinceridade, quando a jovem mulher se
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1