Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

não poder vê-lo.
Annie precisou de agarrar-se ao braço do pai para voltar para casa. Ficara um pouco
agastada.
— Porque foi que o pai lhe disse aquilo de "não faças cerimónia"?
— Que querias tu que eu dissesse? Ela trouxe-nos uma tarte de maçã — protestou o pai,
equilibrando a tarte na outra mão. — Não quis ser mal-educado, Annie.
— Mas por que carga de água ela apareceu cá em casa? Já não a víamos desde que
Sabrina terminou o liceu.
Annie pensou no assunto durante um minuto enquanto entrava em casa e depois soltou o
braço do pai. Era capaz de se movimentar pela casa sem ajuda.
— Cheira-me a esturro.
Na verdade, o que lhe cheirava era a lírios-do-vale e era um pivete que se impregnou no
ar.
— Que disparate, Annie. Ela é uma boa rapariga, é simpática e costumava frequentar a
nossa casa quando vocês eram crianças e depois deve ter ficado a saber da notícia.
— É exactamente isso que eu quero dizer, pai. Não seja tão ingénuo.
— E tu não sejas tão paranóica. Uma rapariga daquela idade não vai andar atrás de mim.
Além disso, eu já te disse que não estou interessado em namorar ninguém. Estou
apaixonado pela tua mãe e sempre estarei.
Em todo o caso, Annie ficou preocupada com aquilo. Desejou poder tê-la visto e avaliado a
situação por si mesma. Registou na sua mente para não se esquecer de mencionar o
episódio a Sabrina quando ela chegasse a casa. Não gostava da ideia de haver mulheres a
correr atrás do pai. Em especial, se fossem raparigas como a Leslie Thompson, caso ela
continuasse parecida com o que fora quando eram crianças. A única coisa de que se
recordava era de uma farta cabeleira loura e de Sabrina a dizer que ela era uma pega.
Nessa altura, Annie só tinha nove anos de idade. No entanto, lembrava-se da irmã mais
velha ter ficado pior que estragada. Era curioso como certas coisas, como aquela,
deixavam uma impressão tão marcante e tão profunda. Na mente de Annie, Leslie seria
para sempre uma "pega", com base no seu comportamento aos quinze anos de idade.
Depois disso, Annie pôs os pratos na máquina de lavar. O pai comera um pedaço da tarte
de maçã e disse que estava excelente, mas Annie limitou-se a resmungar como resposta.
Em seguida, subiram os dois. Annie estava entusiasmada com a casa nova e com o facto
de ir mudar-se no dia seguinte. Ali o ambiente era demasiado tranquilo e sentia-se
isolada.
Ia ser bom morar na cidade, ainda que os seus movimentos continuassem a ser limitados
e ela não pudesse sair sozinha. Ia ser uma mudança revigorante.
Annie ficou sentada sossegada e em silêncio no seu quarto durante um bocado, a ouvir
música e a pensar na sua vida em Florença. Pintar, visitar Siena, as horas intermináveis
que passava na Galeria Uffizí e nos meses que passara com Charlie. Ainda sentia saudades
dele e desejava poder telefonar-lhe, nem que fosse só para lhe dizer olá. Continuava
chocada por ele ter arranjado outra pessoa assim tão depressa e a ter deixado. Mas, pelo
menos, não lhe contara que estava cega e, por isso, Charlie não iria sentir pena dela.
Telefonou a Sabrina, que lhe disse que tudo estava em bom andamento lá por casa, e
ligou também a Tammy em LA, que estava sozinha em casa num sábado à noite. Tammy

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