— Porquê? Nunca mais voltei a vê-la depois desse dia.
— Contou que tinha acabado de divorciar-se e que se mudara da Califórnia para cá. Foi lá
a casa dizer o quanto lamentava pela morte da mãe. Levou uma tarte ao pai.
— Estás a gozar?
Sabrina fez uma cara de puro nojo e depois voltou a lançar uma olhadela à irmã e desejou
que ela pudesse ver. Teriam trocado olhares bastante cúmplices e significativos entre si.
— Merda. Começa cedo. O ataque. Mas ela não é um pouco jovem de mais para o pai?
Deve andar pelos trinta e dois anos. Trinta e três, no máximo. Ela na altura devia ter
quinze anos. Agora lembro-me dela perfeitamente e do quanto a detestava. "A pega."
Quem me dera que pudesses descrever-me como a Leslie está agora e como ela olhou
para o pai.
— A voz dela soava a falso e usava um perfume barato e em demasiada quantidade.
— Uh!
— Exactamente. Além disso, é esperta. Levou a tarte num prato que o pai vai ter de
devolver. Ela deve calcular que o pai tem dinheiro.
— Não é possível que ela ande atrás de um homem da idade do pai. Caramba, ele tem
quase o dobro da idade dela.
— É verdade, mas de facto o pai tem dinheiro e agora está sozinho.
— Não há dúvida de que ela não perdeu tempo. Sabrina parecia estar aborrecida. A mãe
só morrera há um mês.
— Talvez a Leslie estivesse a ser sincera e sinta mesmo pena de nós.
— O tanas — respondeu Annie num tom de voz abrupto e Sabrina riu-se.
— Pois é, também acho que não. Mas o pai é que não deve imaginar. O desgraçado não
faz a mínima ideia do que está prestes a acontecer-lhe. Todas as mulheres sozinhas, num
raio de cerca de cento e sessenta quilómetros, vão começar a bater-lhe à porta. O pai está
com uma idade razoável, é atraente, é bem-sucedido e está sozinho. Cuidaaaaaaado! —
Todas elas estavam preocupadas com isso e tentavam proteger o pai. Ele era demasiado
ingénuo e não estava nada preparado para o que estaria por vir.
— Tentei dizer-lhe isso, mas o pai disse-me que eu era paranóica.
— Confio nos teus instintos. Como soou a voz dela?
— Viscosa e bajuladora — respondeu Annie. — Que esperavas tu de uma pega? —
rematou Annie e ambas se riram.
As duas irmãs ficaram a pensar no assunto em silêncio, por uns momentos, e depois
começaram a conversar sobre outros temas. Sabrina contou a Annie sobre as coisas que
descobrira em relação à casa, que ainda não havia reparado, e como ela era confortável.
Ambas concordavam que tinham pena de que Tammy não fosse lá estar também, mas não
era possível a irmã largar o emprego. Era demasiado para ela abdicar.
Quando chegaram a casa, Candy ainda estava a dormir. Acabou por aparecer mais tarde
no topo das escadas com uma tanga de cetim cor-de-rosa e uma T-shirt transparente, a
bocejar e mostrando-se feliz por vê-las.
— Bem-vinda a casa — disse Candy para Annie, quando a irmã começou a tactear o
ambiente à sua volta.
Era importante que ela descobrisse onde se encontravam os móveis para que, assim, se
sentisse à vontade para se deslocar de um lado para outro com facilidade. Depois de
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1