pequeno anel de ouro com sinete que usava na mão esquerda, com o brasão da sua mãe.
Annie também era calada e modesta em relação a isso. A única bitola por que se regia a si
e aos outros era pelo quanto trabalhavam na sua arte e o quão dedicados se mostravam.
— Parto amanhã — recordou-lhe ela, ao mesmo tempo que pousava uma enorme taça de
massa sobre a mesa da cozinha. Exalava um cheiro delicioso e ela mesma ralou o queijo
parmesão. O pão estava quente e fresco. — é por isso que estou a fazer-te o jantar esta
noite. Quando é que tu e o Cesco vão para Pompeia?
— Depois de amanhã — respondeu Charlie em voz tranquila, sorrindo-lhe do outro lado
da mesa, enquanto os dois se sentavam em duas das cadeiras desirmanadas e algo
instáveis que Annie encontrara na rua, depois de terem sido deitadas para o lixo.
Adquirira a maior parte da sua mobília dessa maneira. Gastava o menos possível do
dinheiro dos seus pais, apenas com a renda da casa e com a alimentação. Não havia luxos
óbvios na sua vida. E o pequeno automóvel que ela conduzia era um Fiat com quinze anos.
A mãe ficou apavorada, com receio de não ser seguro, mas Annie recusou-se a comprar
um novo.
— Vou sentir saudades tuas — disse Charlie com tristeza. Ia ser a primeira vez que
ficariam separados desde que se conheciam. Charlie disse-lhe que estava apaixonado por
ela um mês depois do primeiro encontro dos dois. Annie gostava mais dele do que de
qualquer outro rapaz que conhecera nos últimos anos e também estava apaixonada por
ele. A única coisa que a preocupava em relação ao relacionamento de ambos era o facto
de Charlie ir regressar aos Estados Unidos dentro de seis meses. Ele já andava a
massacrá-la para ela se mudar também para Nova Iorque, mas Annie ainda não estava
preparada para abandonar a Itália, nem mesmo por causa dele. Iria ser uma decisão difícil
para ela quando Charlie partisse. Apesar do seu amor por ele, Annie mostrava-se
relutante em desistir da oportunidade de prosseguir os seus estudos em Florença por
causa de um homem. Até ao momento, a sua arte sempre viera em primeiro lugar. Esta
era a primeira vez que Annie se questionara sobre esse facto, o que para ela era
assustador. Sabia que se abandonasse Florença por causa de Charlie, isso seria um
enorme sacrifício para si.
— Porque não vamos a qualquer lado depois de regressarmos da Umbria? — sugeriu
Charlie, com um ar esperançoso e Annie sorriu.
Andavam a planear ir até à Umbria com uns amigos em Julho, mas Charlie adorava e
precisava de um tempo a sós com ela.
— Como quiseres — respondeu Annie e estava a ser sincera.
Charlie debruçou-se sobre a mesa e beijou-a então, em seguida, ela serviu a massa e
ambos concordaram que estava deliciosa. A receita era boa e Annie era uma óptima
cozinheira. Charlie dizia muitas vezes que conhecê-la foi a melhor coisa que lhe
acontecera desde que chegara à Europa. Quando ele dizia isso, Annie sentia-se comovida.
Annie começou a tirar fotografias a Charlie para mostrar às irmãs e à mãe, mas estas já
haviam adivinhado que aquela relação era muito Importante para ela. A mãe já contara às
filhas que esperava que Charlie fosse capaz de convencer Annie a regressar. Respeitava o
que Annie estava a fazer em Itália, mas era bastante longe, e Annie já não queria voltar
para casa de tanto que se sentia feliz ali. Foi um enorme alívio quando Annie concordara
em vir a casa para o feriado do Quatro de Julho, como de costume. A mãe receava que,
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1