Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

escola. Annie perdeu-se outra vez e teve de pedir ajuda para se encontrar com os colegas.
Mais tarde, confessou às irmãs que nesse momento começou a chorar. Alguém viu-a a
chorar e conduziu-a até à sua turma. Annie era capaz de sentir que tinha sangue nos seus
blue jeans rasgados, apercebeu-se de que esfolara também as mãos, de que estava a
chorar de forma patética, de que precisava de ir à casa de banho e de que não fazia a
mínima ideia onde esta se situava, e de que não conseguia encontrar um lenço de papel
para se assoar.
— O que foi que fizeste? — perguntou Sabrina, quando ouviu Annie contar a história mais
tarde.
Só de escutar, também estava quase a chorar ela própria. Teve vontade de abraçar Annie
e de nunca mais a deixar sair de casa de novo.
— Usei a manga — respondeu Annie de forma prática. — Quero dizer, para o nariz.
Esperei até mais tarde para encontrar a casa de banho. Tive de conter-me. E, por fim, a
minha turma encontrou-me.
— Oh, meu Deus, odeio isto — exclamou Sabrina, estremecendo na sua cadeira.
— Eu também — declarou Annie, mas nesse momento já estava a sorrir, coisa que não
acontecera na escola.
Na aula de orientação explicaram-lhes como iriam ser os seis meses seguintes. Os alunos
iriam aprender como desenvencilhar-se nos transportes públicos, como viver no seu
próprio apartamento, como deitar fora o lixo, como cozinhar, como saber as horas, como
dactilografar em braille, como responder a um anúncio de emprego — o gabinete de
empregos arranjar-lhe-ia um, caso fosse necessário — como comprar roupa, como
vestir-se sozinhos, como arranjar o cabelo se o quisessem aprender, como cuidar dos
animais de estimação, como ler em braille e como trabalhar com um cão-guia, se fosse
isso que quisessem fazer. Havia ainda um programa adicional de formação para trabalhar
com um cão, que prolongaria o ano lectivo por mais oito semanas, e o trabalho com o
cão-guia era realizado fora da escola. Mencionaram que havia uma aula de educação
sexual para alunos avançados e falaram sobre várias outras opções, incluindo entre elas
aulas de arte. Quando Annie acabou de escutar aquela lista interminável, a sua cabeça
estava a andar à roda. Segundo eles, as únicas coisas que ela não poderia fazer após seis
meses na Parker School era conduzir um automóvel e pilotar um avião. Havia mesmo uma
aula de ginástica, uma equipa de natação e uma piscina olímpica com várias pistas. Só de
ouvir tudo aquilo, Annie sentiu-se subjugada. E depois da aula de orientação, os alunos
foram almoçar na cantina e demonstraram-lhes como orientar-se ali também, como lidar
com o dinheiro, como escolher o que queriam comer.
As indicações estavam escritas em braille e essa iria ser a primeira aula que teriam todos
os dias de manhã. No primeiro dia, havia assistentes de ensino que lhes disseram quais as
escolhas que havia e os ajudaram com os tabuleiros e a chegarem às mesas. Hoje, o
almoço era de graça. Bem-vindos à Parker School. Annie escolhera um iogurte e um
pacote de batatas fritas. Estava demasiado nervosa para comer. O iogurte era de ananás,
que, por acaso, ela detestava.
— Bolas, é um programa intenso, não achas? — perguntou-lhe uma voz a seu lado. —
Licenciei-me em Yale. Lá era tudo muito mais fácil do que isto. Como é que tu estás? Estás
bem?

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