Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

dar-se muitíssimo bem na Parker School, passadas cinco semanas. Tammy era agora a
única sem nenhum objectivo na vida, apesar de continuar satisfeita por se ter mudado, a
fim de passar aquele ano com as irmãs. Sentia-se como se todas elas precisassem daquilo
e estivessem a beneficiar com isso, ela tanto quanto as outras, depois de terem perdido a
mãe ha três meses e meio.
Tammy compareceu à entrevista numa tarde de quinta-feira. Enviara-lhes primeiro o seu
currículo, por isso já sabiam que ela havia criado o seu programa em LA. Tammy era uma
profissional de gabarito. E se fosse trabalhar com eles, pretendiam algumas ideias novas
para manterem o programa animado e no topo. Começara a decair um pouco, mas para
grande surpresa de Tammy, os níveis de audiência continuavam fortes e o conceito
hipnotizava os espectadores que assistiam. O programa parecia representar ou até
mesmo reflectir os problemas que as pessoas enfrentavam nas suas relações, desde a
traição à impotência, do abuso emocional, ou das sogras intrometidas. O abuso de drogas
e as crianças delinquentes também pareciam encabeçar a lista dos problemas que as
pessoas tinham e que levavam para expor no programa. Era um aspecto da vida e de tudo
o que não interessava saber sobre as relações e as vidas das outras pessoas. Excepto, ao
que tudo indicava, para o público que via o programa. O índice de Nielsen assim o
comprovava.
Tammy foi à entrevista com algum receio e encontrou-se com o produtor executivo no
seu gabinete. Para grande surpresa sua, ele parecia um ser humano normal. Era formado
em Psicologia pela Universidade de Colúmbia, e preferiu manter o programa sediado em
Nova Iorque quando o fundou. Era casado há trinta anos e tinha seis filhos. Fora
conselheiro matrimonial durante vários anos antes de entrar para o mundo da televisão.
Começara no departamento desportivo e depois, por fim, conseguiu que aceitassem o seu
conceito para um programa novo com o advento dos reality shows. Este era um sonho seu
que se tornara realidade, tal como o programa de Tammy o fora para si. Tratava-se
apenas de um tipo de programa diferente. E tal como a maioria dos reality shows, servia a
faixa de público das classes mais baixas. Contudo, alguns dos casais que filmaram
pareceram-lhes razoáveis, até mesmo para Tammy. Apesar da sua maioria exibir um
comportamento indecoroso, que era o que o público preferia.
Tiveram uma excelente conversa e Tammy foi forçada a admitir que gostou dele, apesar
do produtor executivo ser um imbecil e se ter mostrado arrogante consigo. Estava a
defender o seu território, queria o emprego principal para si e nem considerava outra
alternativa.
— Então o que acha? — perguntou-lhe Irving Solomon, o produtor executivo, à medida
que a sua entrevista se aproximava do fim.
— Penso que é um programa interessante — respondeu Tammy com alguma honestidade.
Não disse que o adorava, o que não seria verdade. E em vários aspectos, não estava ao
seu nível cultural. Tammy nunca se mostrara inclinada a explorar os problemas pessoais
das pessoas, nem a mergulhar naquele tipo de programa de baixo nível. Mas, por outro
lado, queria trabalhar. E isto parecia tudo o que havia por ali. As escolhas em Nova Iorque
eram escassas.
—Já alguma vez pensou em tornar o programa um pouco mais sério? — perguntou
Tammy com cautela, ponderando bem a pergunta.

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