Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

CAPÍTULO 20


Assim que Tammy começou a trabalhar, a vida na casa da Rua Oitenta e Quatro Este
pareceu acelerar de forma considerável. Sabrina estava a ter um Outono muito atarefado,
pois parecia que metade dos casais de Nova Iorque queria divorciar-se e telefonavam-lhe.
Passado o Verão, e assim que os filhos voltavam para a escola, as pessoas telefonavam aos
seus advogados para lhes dizerem "Tire-me deste filme!". De uma maneira geral, também
costumavam fazer isso depois do Natal.
Candy tinha sessões fotográficas todos os dias depois que voltou da Europa. A intervenção
que fizeram por causa do seu distúrbio alimentar ajudara um pouco. Candy nunca fora
bulímica, apenas não comia e era anoréctica. Mas estava melhor e vigiava o seu peso
todas as semanas sob a vigilância atenta de Sabrina, que telefonava à médica para se
informar. Não estavam autorizados a informar Sabrina sobre qual era o peso de Candy,
mas podiam dizer-lhe se ela havia comparecido para se pesar. E sempre que ela faltava,
Tammy e Sabrina faziam-lhe a vida num inferno. Ambas vigiavam de perto o problema e
parecia que Candy engordara um pouco, embora ainda estivesse muito abaixo do peso
considerado normal, mas era essa a natureza do seu trabalho. Era uma batalha difícil de
vencer, mas, pelo menos, não estavam a perder terreno. A psiquiatra dela descrevera a
situação a Sabrina como "anorexia da moda", quando conversaram sobre o assunto.
Candy não tinha problemas psicológicos profundamente enraizados sobre a sua infância
ou a sua juventude. Adorava apenas o seu aspecto quando estava escanzelada e o mesmo
acontecia com milhões de mulheres que liam revistas de moda e as pessoas que as
criavam. Era um aspecto cultural, visual e financeiro e não psiquiátrico, que a psiquiatra
afirmava ser um factor importante. Contudo, as irmãs preocupavam-se com a saúde de
Candy. Não desejavam perder mais nenhum membro da família, mesmo que ela morresse
com um aspecto fabuloso, fosse rica e aparecesse na capa da Vogue. Como Tammy
costumava dizer em tom prosaico: "Que se lixe."
Dois meses depois, Annie parecia ir muito bem na Parker School e ela e Baxter ficaram
amigos desde o começo. Por vezes, passavam fins-de-semana juntos e falavam sobre arte,
trocavam opiniões, conversavam sobre as coisas que achavam importantes sobre o
assunto e sobre as obras que já haviam visto e de que gostavam. Annie falava-lhe durante
horas sobre a Galeria Uffizi, em Florença, e em vez de se mostrar zangada agora, dizia que
se sentia grata por ter podido ver tudo aquilo antes de ficar cega. Nunca se referia a
Charlie, uma vez que este fora uma tremenda desilusão e Annie ainda se sentia traída por
ele. Mas não tanto quanto se sentiria se soubesse de toda a verdade. As irmãs nunca lhe
disseram uma única palavra sequer sobre o caso. E Baxter conheceu um homem por quem
se apaixonou numa festa de Halloween a que fora, na cidade. Fora mascarado de cego, o
que Annie achou de péssimo gosto. Contudo, o namorado de Baxter parecia ser boa
pessoa. Por vezes, ele intrometia-se de alguma forma entre os dois, mas Annie não se
importava. Tinha vinte e nove anos, era um jovem designer de moda numa casa
importante e frequentara a Parsons School of Design. Não parecia importar-se por Baxter
ser cego, o que era encorajador para Baxter e também para Annie, animando-os bastante.
Havia vida para além da cegueira. Na sua opinião, Annie ainda tinha dúvidas a esse
respeito, mas dizia que não se importava, coisa em que ninguém acreditava. No entanto,

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